sábado, 12 de setembro de 2015

1992 - Castlemorton - Inglaterra


CASTLEMORTON - A histórica Spiral Tribe, em Castlemorton, Worcestershire, jogou todos os holofotes em cima de cena. A festa reuniu cerca de 40 mil pessoas, durou 6 dias e causou indignação na conservadora e moralista sociedade britânica. Castlemorton virou notícia (e escândalo) nacional na Inglaterra de 1992. Equipes de TV com helicópteros e jornais noticiaram o evento, abrindo espaço para a repressão do governo, pois o evento foi a gota d'água para que o governo britânico baixasse novas e severas leis para restringir as raves sem alvará que proliferavam pela zona rural do país. Dois anos depois, fechou o cerco às festas ao ar livre com música eletrônica e regadas à ecstasy.


Castlemorton free rave 1992


Essas festas de rua que caracterizaram o RTS - (Reclaim The Streets) remontam também às festas e raves realizadas entre 1992 e 1993 na Inglaterra, com um caráter de desobediência civil e resultando em repressão policial. Em 1º de maio de 1992 uma operação policial conseguiu impedir a realização do Festival Livre de Avon, que seria um ponto de encontro de travellers. Os comboios de travellers foram forçados assim a se dirigir a uma mesma localidade, chamada Worcestershire, onde acabaria sendo realizada uma festa improvisada de seis dias de duração em um lugar chamado Castlemorton Commom. Entre os coletivos que sonorizaram a festa se destacava um recém-formado, bastante politizado, chamado Spiral Tribe, que se recusou a parar no final do sexto dia de festa, sendo seus integrantes presos por isso e tendo seus equipamentos apreendidos. Outras raves livres foram realizadas nesse período, atraindo milhares de pessoas. Um aspecto destacável desses eventos era a mistura e fusão de ravers e travellers, os últimos acrescentando uma crítica do comercialismo das raves, e os primeiros uma crítica do isolamento e guetização dos travellers.


Castle Morton part 1 of 3



RTS - (Reclaim The Streets) - Não se tratava de um grupo ou de uma organização propriamente dita, em termos formais. O RTS consistia mais em um nome em torno do qual pessoas se organizavam, se encontravam e agiam com objetivos comuns. Suas reuniões semanais eram abertas a qualquer um que aparecesse. A ação característica do RTS seria a realização de festas de rua, que refletiam e davam continuidade ao espírito da rebeldia de Claremont Road. As festas de rua do RTS refletiam também a influência situacionista de algumas das principais cabeças pensantes por trás dele. Resgatando a ideia de que os momentos revolucionários eram momentos festivos, e de que os carnavais e revoluções não seriam espetáculos vistos por pessoas, mas antes envolveriam a participação ativa da multidão, as festas de rua Reclaim The Streets expressariam também a ideia de que a expansão e libertação do desejo são em si revolucionárias. Carregam também a ideia de détournement tão presente nos situacionistas, transformando, subvertendo e retomando um ambiente, um espaço, um local. A festa de rua do RTS seria assim vista também como uma topia, algo que existe aqui e agora, em oposição à utopia definida como o não-lugar. Elas eram vistas e entendidas como uma primeira tentativa de reconstruir a geografia da vida cotidiana, reapropriando a esfera pública, redescobrindo as ruas e tentando liberá-las. Para Chris Knight, professora universitária envolvida com o RTS desde 1995, o RTS não tem a ver com manifestações e protesto. Os participantes do RTS pensariam mais em termos de “faça-você-mesmo” – se se quer algo, faça-você-mesmo. A ação viria antes de tudo.



Reclaim the Streets - Trafalgar Square, London - 12/4/1997




Veja o próximo festival: 1993 - Sziget Festival - Hungria
ou
Volte ao festival anterior: 1991 - Lollapalooza - Chicago - USA

Fontes: 
Passa Palavra
Unimep


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