O COMEÇO DO FIM DO MUNDO - Em 1982, o evento realizado e organizado por Antonio Bivar no SESC Pompeia, SP, mostrou a um Brasil desavisado essa novidade chamada punk, movimento que fervilhava em São Paulo. Até o Fantástico cobriu. Organizado pelo dramaturgo Antonio Bivar e Callegari, autor do livro "O Que É Punk", teve bandas como Ratos do Porão, Cólera, Olho Seco e Inocentes na escalação. O evento foi proposto com o objetivo de firmar a união entre grupos e facções punk, da capital e do ABC paulista, que vinham envolvendo-se em conflitos cada vez mais violentos. O festival contou com exposição de material (discos, fanzines, filmes), shows de bandas e os próprios punk na organização e no público. No total, 20 bandas se apresentaram, e o evento contou com 3.000 visitantes. Enquanto no primeiro dia não se registraram distúrbios, no segundo dia a polícia invadiu o evento para queimar documentos relacionados à ditadura, com a super lotação a polícia reprimiu varias pessoas.Também existiu alguns conflitos.
O festival foi gravado em tape-deck, do qual saiu um álbum em LP, que muitos anos mais tarde foi relançado em CD. A qualidade das gravações e principalmente das bandas é sofrível em alguns aspectos, mas há faixas que tornaram-se marcantes na história de alguns dos grupos, além de, pelo todo, ser um disco importantíssimo e histórico. A banda Ulster se recusou a sair na edição original do álbum, pois segundo eles, foram prejudicados na qualidade da gravação. Sua música, "Heresia", saiu no relançamento em CD como faixa bônus.
Há também gravações em vídeo, algumas aparecem no documentário Botinada: a Origem do Punk no Brasil de Gastão Moreira.
Botinada - A historia do punk no Brasil (2006) English Subtitles
Dia 27
Dose Brutal
Psykóze
Ulster
Cólera
Neuróticos
M-19
Inocentes
Juízo Final
Fogo Cruzado
Desertores
Dia 28
Suburbanos
Passeatas
Decadência Social
Olho Seco
Extermínio
Ratos de Porão
Hino Mortal
Estado de Coma
Lixomania
Negligentes
FATOR TRÊS – O 1º FESTIVAL PUNK DE SÃO PAULO, CONHECIDO COMO “O COMEÇO DO FIM DO MUNDO”, REALIZADO NOS DIAS 27 E 28 DE NOVEMBRO DE 1982:
“Nós estamos aqui para revolucionar a música popular brasileira:
Pintar de negro a Asa Branca,
Atrasar o Trem das Onze,
Pisar sobre as flores de Geraldo Vandré
E fazer da Amélia uma mulher qualquer”.
(Clemente, vocalista da banda Os Inocentes, em declaração à uma revista da época)
O movimento punk, importado de países como Inglaterra e EUA e adaptado à realidade brasileira, foi inspiração para várias bandas que surgiram em terras tupiniquins no fim da década de 70 e durante os anos 80. Mas foi em São Paulo que se consolidou uma verdadeira cena, principalmente pela grande quantidade de bandas surgidas na periferia paulistana (Freguesia do Ó, Vila Carolina e região do Grande ABC). Maioria adolescente, os punk andavam em grupos com suas vestimentas e comportamento subversivos, ocupavam regiões do centro da cidade como o Largo São Bento e a Galeria do Rock, e se alimentavam de LPs ou fitas K7s de bandas como Sex Pistols, The Clash e Ramones, inspiração pra eles tanto na sonoridade como na atitude. Foi em 1982 que foi lançado o primeiro registro do punk brasileiro, o lendário vinil “Grito Suburbano” de produção independente, uma espécie de álbum-compilação que continha músicas das bandas Olho Seco, Cólera e Inocentes.
O jornalista Antônio Bivar (autor do livro “O que é Punk”) que foi assessor informal de imprensa do movimento punk paulistano, soube justificar essa rápida identificação ocorrida na cidade: “A rebelião punk de São Paulo não é uma cópia importada do punk de fora, mas uma identificação adaptada à realidade local (…) A manifestação punk no Brasil foi fruto do próprio ambiente, o próprio meio proporcionou essa explosão de rebeldia entre os jovens”.
A gradativa notoriedade dessa turma, aparecendo na imprensa e mídia culminou, ainda em 1982, no festival genuinamente faça-você-mesmo: “O Começo do Fim do Mundo”, realizado no então recém inaugurado SESC Pompéia. Organizado pelo próprio Antônio Bivar e colaboradores, foram escaladas 20 bandas punk, tanto da capital como do ABC paulista, pois havia o intuito de promover a união entre grupos e facções que estavam se envolvendo em violentas brigas. No total, cerca de três mil pessoas deram as caras para assistir aos shows de Olho Seco, Ulster, Cólera, Inocentes, M19, Psykóze, Lixomania, Ratos de Porão entre outros.
O festival foi gravado em tape-deck do qual saiu um álbum em LP lançado no ano seguinte (mais tarde em CD) com as principais bandas e o título do festival na capa. Mesmo com a qualidade prejudicada em algumas gravações, o álbum é um registro histórico no rock paulistano e brasileiro (ainda que marginalizado e underground) que se iniciava a partir dali. Foi a percepção de que existia um cenário e um circuito novo na música brasileira.
Como o esperado, houve grande repercussão na mídia, tanto do lado sensacionalista: as manchetes dos jornais, até destaque no programa televisivo da rede Globo, o Fantástico, que deturpou o movimento e demonizou quem fazia parte dele. A imprensa mundial, no entanto, reconheceu São Paulo no mapa do punk rock mundial, e muitos olhares de produtores e gravadoras do exterior se atentaram às bandas daqui.
O sucesso do festival punk paulista animou os punk cariocas a realizarem também a sua 1ª Noite Punk do Rio de Janeiro, em 26 de março de 1983, tendo como convidados os paulistas: Inocentes, Cólera, Psycóze e Ratos de Porão; e do subúrbio do Rio: Coquetel Molotov, Eutanásia e Descarga Suburbana. Um fato curioso é que nessa mesma noite, os Paralamas do Sucesso também deram as caras por lá.
Os festivais realizados em São Paulo e no Rio chamaram a atenção de bandas de outras cidades do país, que também seguiam a atitude e sonoridade punk, e resolveram vir para São Paulo, onde a cena estava mais consolidada, para tocar. Foi o caso dos baianos do Camisa de Vênus, dos gaúchos dos Replicantes, e evidentemente a turma de Brasília: Plebe Rude, Capital Inicial e Legião Urbana. O documentário “Botinada: A Origem do Punk no Brasil”, produzido por Gastão Moreira, conta bem a história do movimento em terras tupiniquins.
Definitivamente, o ano de 1982 será sempre lembrado como um ano efervescente no rock brasileiro, diante de tantos fatos ocorridos que mobilizaram pessoas de diferentes lugares com a mesma sintonia e a vontade por mudanças. Se tivéssemos de traduzir sucintamente o zeitgeist da década de ouro do rock brasileiro, diria que basta voltarmos e relembrarmos o que aconteceu em 1982. Foi desse período que surgiram bandas e movimentos que definiriam o cenário do rock nacional nos anos que se seguiram.
Entenda a história tanto do Punk como da política brasileira onde regia uma ditadura militar, você não tinha liberdade, não podia ficar reunido com ninguém na rua e muita gente sem emprego, todos revoltados. Isso faz a gente comparar a porcaria que era a política na época e a política atual com Dilma. Hoje temos a ditadura de políticos que criam leis que favorecem apenas aos próprios políticos, não perguntam se o povo está de acordo ou não, apenas criam leis de seu próprio interesse. Agora para o povo, quase nada do que é garantido por direito pela Constituição, nos é assegurado, apenas merrecas. Assista e chegue a sua conclusão:
O Começo do Fim do Mundo (álbum e festival punk) no Som do Vinil
Veja o próximo festival:
ou
Volte ao festival anterior: 1980 - Monster of Rock - Castle Donnington - Inglaterra
O festival foi gravado em tape-deck, do qual saiu um álbum em LP, que muitos anos mais tarde foi relançado em CD. A qualidade das gravações e principalmente das bandas é sofrível em alguns aspectos, mas há faixas que tornaram-se marcantes na história de alguns dos grupos, além de, pelo todo, ser um disco importantíssimo e histórico. A banda Ulster se recusou a sair na edição original do álbum, pois segundo eles, foram prejudicados na qualidade da gravação. Sua música, "Heresia", saiu no relançamento em CD como faixa bônus.
Há também gravações em vídeo, algumas aparecem no documentário Botinada: a Origem do Punk no Brasil de Gastão Moreira.
Botinada - A historia do punk no Brasil (2006) English Subtitles
A programação do festival
Nos dias 27 e 28 de novembro, tocaram as seguintes bandas:Dia 27
Dose Brutal
Psykóze
Ulster
Cólera
Neuróticos
M-19
Inocentes
Juízo Final
Fogo Cruzado
Desertores
Dia 28
Suburbanos
Passeatas
Decadência Social
Olho Seco
Extermínio
Ratos de Porão
Hino Mortal
Estado de Coma
Lixomania
Negligentes
FATOR TRÊS – O 1º FESTIVAL PUNK DE SÃO PAULO, CONHECIDO COMO “O COMEÇO DO FIM DO MUNDO”, REALIZADO NOS DIAS 27 E 28 DE NOVEMBRO DE 1982:
“Nós estamos aqui para revolucionar a música popular brasileira:
Pintar de negro a Asa Branca,
Atrasar o Trem das Onze,
Pisar sobre as flores de Geraldo Vandré
E fazer da Amélia uma mulher qualquer”.
(Clemente, vocalista da banda Os Inocentes, em declaração à uma revista da época)
O vocalista Ariel e o baixista Clemente, dos Inocentes, no festival "Começo do Fim do Mundo", 1982 (Foto: Cicero Neto) |
O movimento punk, importado de países como Inglaterra e EUA e adaptado à realidade brasileira, foi inspiração para várias bandas que surgiram em terras tupiniquins no fim da década de 70 e durante os anos 80. Mas foi em São Paulo que se consolidou uma verdadeira cena, principalmente pela grande quantidade de bandas surgidas na periferia paulistana (Freguesia do Ó, Vila Carolina e região do Grande ABC). Maioria adolescente, os punk andavam em grupos com suas vestimentas e comportamento subversivos, ocupavam regiões do centro da cidade como o Largo São Bento e a Galeria do Rock, e se alimentavam de LPs ou fitas K7s de bandas como Sex Pistols, The Clash e Ramones, inspiração pra eles tanto na sonoridade como na atitude. Foi em 1982 que foi lançado o primeiro registro do punk brasileiro, o lendário vinil “Grito Suburbano” de produção independente, uma espécie de álbum-compilação que continha músicas das bandas Olho Seco, Cólera e Inocentes.
O jornalista Antônio Bivar (autor do livro “O que é Punk”) que foi assessor informal de imprensa do movimento punk paulistano, soube justificar essa rápida identificação ocorrida na cidade: “A rebelião punk de São Paulo não é uma cópia importada do punk de fora, mas uma identificação adaptada à realidade local (…) A manifestação punk no Brasil foi fruto do próprio ambiente, o próprio meio proporcionou essa explosão de rebeldia entre os jovens”.
A gradativa notoriedade dessa turma, aparecendo na imprensa e mídia culminou, ainda em 1982, no festival genuinamente faça-você-mesmo: “O Começo do Fim do Mundo”, realizado no então recém inaugurado SESC Pompéia. Organizado pelo próprio Antônio Bivar e colaboradores, foram escaladas 20 bandas punk, tanto da capital como do ABC paulista, pois havia o intuito de promover a união entre grupos e facções que estavam se envolvendo em violentas brigas. No total, cerca de três mil pessoas deram as caras para assistir aos shows de Olho Seco, Ulster, Cólera, Inocentes, M19, Psykóze, Lixomania, Ratos de Porão entre outros.
O festival foi gravado em tape-deck do qual saiu um álbum em LP lançado no ano seguinte (mais tarde em CD) com as principais bandas e o título do festival na capa. Mesmo com a qualidade prejudicada em algumas gravações, o álbum é um registro histórico no rock paulistano e brasileiro (ainda que marginalizado e underground) que se iniciava a partir dali. Foi a percepção de que existia um cenário e um circuito novo na música brasileira.
Capa do LP “Começo do Fim do Mundo”, registro das principais bandas que tocaram no festival |
Como o esperado, houve grande repercussão na mídia, tanto do lado sensacionalista: as manchetes dos jornais, até destaque no programa televisivo da rede Globo, o Fantástico, que deturpou o movimento e demonizou quem fazia parte dele. A imprensa mundial, no entanto, reconheceu São Paulo no mapa do punk rock mundial, e muitos olhares de produtores e gravadoras do exterior se atentaram às bandas daqui.
O sucesso do festival punk paulista animou os punk cariocas a realizarem também a sua 1ª Noite Punk do Rio de Janeiro, em 26 de março de 1983, tendo como convidados os paulistas: Inocentes, Cólera, Psycóze e Ratos de Porão; e do subúrbio do Rio: Coquetel Molotov, Eutanásia e Descarga Suburbana. Um fato curioso é que nessa mesma noite, os Paralamas do Sucesso também deram as caras por lá.
Os festivais realizados em São Paulo e no Rio chamaram a atenção de bandas de outras cidades do país, que também seguiam a atitude e sonoridade punk, e resolveram vir para São Paulo, onde a cena estava mais consolidada, para tocar. Foi o caso dos baianos do Camisa de Vênus, dos gaúchos dos Replicantes, e evidentemente a turma de Brasília: Plebe Rude, Capital Inicial e Legião Urbana. O documentário “Botinada: A Origem do Punk no Brasil”, produzido por Gastão Moreira, conta bem a história do movimento em terras tupiniquins.
Definitivamente, o ano de 1982 será sempre lembrado como um ano efervescente no rock brasileiro, diante de tantos fatos ocorridos que mobilizaram pessoas de diferentes lugares com a mesma sintonia e a vontade por mudanças. Se tivéssemos de traduzir sucintamente o zeitgeist da década de ouro do rock brasileiro, diria que basta voltarmos e relembrarmos o que aconteceu em 1982. Foi desse período que surgiram bandas e movimentos que definiriam o cenário do rock nacional nos anos que se seguiram.
Entenda a história tanto do Punk como da política brasileira onde regia uma ditadura militar, você não tinha liberdade, não podia ficar reunido com ninguém na rua e muita gente sem emprego, todos revoltados. Isso faz a gente comparar a porcaria que era a política na época e a política atual com Dilma. Hoje temos a ditadura de políticos que criam leis que favorecem apenas aos próprios políticos, não perguntam se o povo está de acordo ou não, apenas criam leis de seu próprio interesse. Agora para o povo, quase nada do que é garantido por direito pela Constituição, nos é assegurado, apenas merrecas. Assista e chegue a sua conclusão:
O Começo do Fim do Mundo (álbum e festival punk) no Som do Vinil
Veja o próximo festival:
ou
Volte ao festival anterior: 1980 - Monster of Rock - Castle Donnington - Inglaterra
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