sábado, 28 de abril de 2012

002-12 Rhythm e Blues


É tão óbvio que a gente nem percebe: rhythm and blues é, numa palavra, o blues com a marcação do ritmo mais acentuada, tornando-o mais dançante. Para alguns, os spirituals do século XIX já eram o início do rhythm and blues (que daqui em diante abreviamos para r and b). De qualquer modo, o r and b só se firmou como tal nos anos 30, quando o blues finalmente se aclimatou na cidade grande, com o impulso de big bands como a de Duke Ellington e Count Basie. E, pelo que sabemos, o rótulo r and b, lançado pela Billboard em 1949, foi cortesia de seu crítico Jerry Wexler, mais tarde grande produtor de discos do gênero. Alguns dos primeiros grandes expoentes do r and b são Louis Jordan (1908/1975) - de quem Little Richard "tomou emprestada" a autoria de "Keep a-Knockin", -

 


 Bill Dogget (nasc.1916), Elmore James (1918/1963), Willie Dixon (1915/1992), Howlin' Wolf (1910/1976), Muddy Waters (1915/1983), Fats Domino (nasc. 1928), John Lee Hooker (nasc. 1917) e Big Joe Turner (1911/1985). Foi ouvindo Joe Turner (por sugestão do lojista de discos Leo Mintz)


 que o DJ Alan Freed se empolgou com o r and b a ponto de se decidir a trazê-lo para o grande público branco e até mudar-lhe o nome para rock and roll. Para Alan Freed, fazer sucesso com o r and b não foi tarefa das mais árduas, dado o apelo do r and b e já haver um mercado latente para ele entre os brancos - afinal, o cantor country Hank Williams, por exemplo, emplacara em 1950 seu hit "Moanin' The Blues"


(nada a ver, além do título e do gênero, com "Moanin' The Blues", composta e gravada por Victoria Spivey em 1929 -


por sinal, o solo de guitarra da gravação de Hank é parecido com o de "That's Alright Mama", primeira gravação oficial de Elvis, de 1954).

Enfim, o  r and b continua firme e influente até hoje, com B.B.King, Ruth Brown, Etta James, Johnny Otis, Allen Toussaint e outros ilustres. Pena que o espaço é curto, mas vamos lembrar somente mais dois nomes importantes do r and b - e um lembrará o outro. Ahmet Ertegun, compositor e fundador da gravadora Atlantic em 1947 (que revelou artistas os mais diversos como The Coasters, Led Zeppelin, Buffalo Springfield, Yes e Chic), disse a respeito de um compositor e diretor musical de muitos dos discos da Atlantic nos anos 50: "Jesse Stone fez mais para desenvolver o som básico do rock and roll que qualquer outra pessoa, embora você ouça falar muito em Bill Haley ou Elvis Presley. "De fato, Haley e Presley foram apenas dois artistas a fazerem "covers" de composições de Jesse ("Shake, Rattle And Roll" e "Down In The Alley", respectivamente), sem falarem "Money Honey", também gravada por Elvis


 e a inspiração mais que direta para "Be-Bop-A-Lula" de Gene Vincent.




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sábado, 21 de abril de 2012

002-11 Country 04


E uma das origens mais diretas do rock é justamente o que se rotulou rockabilly ("rock" + "hillbilly", caipira), e definido por um de seus criadores, Carl Perkins (nasc. 1932) como "blues with a country beat" - praticamente um sinônimo de nosso próximo assunto, rhythm and blues. E nos anos 30 já tinhamos o "Western Swing" texano, country influenciado pelas big bands de jazz, onde se encaixam nomes como Spade Cooley e,


mais recentemente, o grupo Asleep At The Wheel.



Quem não gravou algum country na vida? Vários roqueiros chegaram a fazer LPs inteiros com essa ambiência caipira: Beatles For Sale,


Muswell Hillbillies dos Kinks, Sweetheart Of The Rodeo dos Byrds, muita coisa dos Stones, Talking Heads, Eric Clapton... O rockabilly também mereceria um livro só para ele, mas não podemos esquecer da participação da música do 49º Estado norte-americano, o Havaí, com suas guitarras elétricas de colo, conhecidas justamente como guitarras havaianas (consta que este estilo, muito usado no country e no blues, foi inventado em 1894 pelo havaiano Joseph Kekeku, que deixou cair um pente em cima do braço de seu violão), e seu ukulele (na verdade outro nome para o nosso cavaquinho; ambos têm a mesma origem, o machete português, ora, pois). Aliás, outro grande artista que também se aventurou pelo country foi, acredite se quiser, W.A. Mozart,


aquele, que também compôs "contradanças" para as danças camponesas de sua Áustria, que, importadas pela França, vieram para os EUA e o Brasil, onde se transformaram nas respectivas quadrilhas, conhecidas nos EUA como "square dances", que inclusive aparecem no primeiro filme de Elvis, Love Me Tender - aliás, vamos terminar lembrando que Elvis foi banido de um show/programa de rádio importante porém tradicional demais, Grand Ole Opry, para logo em seguida se revelar nacionalmente em outro, mais progressivo, Louisiana Hayride.

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002-11 Country 03


Isaac Hayes


e The Grateful Dead.


Não esquecendo os Everly Brothers,



os "Tonico e Tinoco norte-americanos", que influenciaram qualquer rock com duas vozes - Simon and Garfunkel, Lennon and McCartney ou, pode reparar, gravações do Iron Maiden como "Run To The Hills".


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002-11 Country 02


e Tex Ritter (1905/1974).


O pioneiro do country que mais influenciou o rock é Jimmie Rodgers (1897/1933), o "father of Country music",


que assimilou o "yodel" dos Alpes Suíços (aquele vocal "lorelei" que se aclimatou muito bem nos Montes Apalaches, que vão da Virgínia ao Tennessee - não por acaso o Estado onde melhor se desenvolveu o country, em cidades como Memphis e Nashville). Rodgers chegou a gravar country com uma canja de dois jazzistas dos melhores e mais ecléticos, Louis Armstrong e Earl Hines, além de muitas de suas composições serem blues cantados em country ("Mule Skinner Blues", "Long Tall Mama Blues"). Outros pioneiros são Jim Reeves (1924/1964), Merle Travis (1917/1983, autor do clássico "Sixteen Tons"),


Johnny Cash (nasc. 1932), a Carter Family nos anos 20-30 e Hank Williams (1923/1953), o pai do country moderno, regravado por artistas tão diversos como os The Carpenters,


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002-11 Country 01


Iahú!   Todo país tem sua "country music", música do campo, interiorana, caipira mesmo, pouco letrada mas muito fluente, música tão popular que muitas vezes chega a ser confundida com folk-music. Só que, cá e lá, enquanto a folk music é mais sóbria e com uma "mensagem", o country não se envergonha de ser chorosa demais ou alegre demais, sentimental demais - ou seja, a um passo do "brega", quando não chega a dar esse passo (foi dito que o country bom é ótimo e o country ruim é ainda melhor), além de dar muito mais ênfase à parte instrumental que o folk.

Salvo engano, o primeiro disco de country é "The Little Old Log Cabin On The Lane", de 1924, com o violinista Fiddlin' John Carson (1868/1949),


quebrando o gelo da indústria cultural da época, que considerava os caipiras indignos de atenção - pois é, tal preconceito não é privilégio do Brasil nem de hoje. (Por sinal, a country music bateu recordes de vendas nos EUA em 1991). O termo "hillbilly", para designar os caipiras americanos, foi cortesia de Billy Peer, produtor que descobriu e gravou John Carson e montou um grupo a que chamou The Hill-Billies em 1925.


Bem, os caipiras foram abrindo caminho pela mídia, de modo que para resumir, ainda nos anos 20 não faltavam discos, bailes e programas radiofônicos country em todos os EUA - sem falar que o cinema falado mal nasceu e já foi invadido pelos primeiros "singing cowboys", como Roy Rogers (nasc. 1911),


Gene Autry (nasc. 1907)



e

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