É tão óbvio que a gente nem percebe: rhythm and blues é, numa palavra, o blues com a marcação do ritmo mais acentuada, tornando-o mais dançante. Para alguns, os spirituals do século XIX já eram o início do rhythm and blues (que daqui em diante abreviamos para r and b). De qualquer modo, o r and b só se firmou como tal nos anos 30, quando o blues finalmente se aclimatou na cidade grande, com o impulso de big bands como a de Duke Ellington e Count Basie. E, pelo que sabemos, o rótulo r and b, lançado pela Billboard em 1949, foi cortesia de seu crítico Jerry Wexler, mais tarde grande produtor de discos do gênero. Alguns dos primeiros grandes expoentes do r and b são Louis Jordan (1908/1975) - de quem Little Richard "tomou emprestada" a autoria de "Keep a-Knockin", -
Bill Dogget (nasc.1916), Elmore James (1918/1963), Willie Dixon (1915/1992), Howlin' Wolf (1910/1976), Muddy Waters (1915/1983), Fats Domino (nasc. 1928), John Lee Hooker (nasc. 1917) e Big Joe Turner (1911/1985). Foi ouvindo Joe Turner (por sugestão do lojista de discos Leo Mintz)
que o DJ Alan Freed se empolgou com o r and b a ponto de se decidir a trazê-lo para o grande público branco e até mudar-lhe o nome para rock and roll. Para Alan Freed, fazer sucesso com o r and b não foi tarefa das mais árduas, dado o apelo do r and b e já haver um mercado latente para ele entre os brancos - afinal, o cantor country Hank Williams, por exemplo, emplacara em 1950 seu hit "Moanin' The Blues"
(nada a ver, além do título e do gênero, com "Moanin' The Blues", composta e gravada por Victoria Spivey em 1929 -
por sinal, o solo de guitarra da gravação de Hank é parecido com o de "That's Alright Mama", primeira gravação oficial de Elvis, de 1954).
Enfim, o r and b continua firme e influente até hoje, com B.B.King, Ruth Brown, Etta James, Johnny Otis, Allen Toussaint e outros ilustres. Pena que o espaço é curto, mas vamos lembrar somente mais dois nomes importantes do r and b - e um lembrará o outro. Ahmet Ertegun, compositor e fundador da gravadora Atlantic em 1947 (que revelou artistas os mais diversos como The Coasters, Led Zeppelin, Buffalo Springfield, Yes e Chic), disse a respeito de um compositor e diretor musical de muitos dos discos da Atlantic nos anos 50: "Jesse Stone fez mais para desenvolver o som básico do rock and roll que qualquer outra pessoa, embora você ouça falar muito em Bill Haley ou Elvis Presley. "De fato, Haley e Presley foram apenas dois artistas a fazerem "covers" de composições de Jesse ("Shake, Rattle And Roll" e "Down In The Alley", respectivamente), sem falarem "Money Honey", também gravada por Elvis
e a inspiração mais que direta para "Be-Bop-A-Lula" de Gene Vincent.