Roger McGuinn, líder dos Byrds, definiu o estado da música pop em 1965 "Superficialmente, a forma pode ter mudado ligeiramente, mas a essência é a mesma. As harmonias - quartas, quintas - são as mesmas, assim como os ritmos e mudanças de acordes. A instrumentação está mudando um pouco para acompanhar a expansão nuclear e a era do jato (...) Eu acho que a diferença está nos sons mecânicos de nosso tempo. O som do aeroplano nos anos 40 era um rrrrrrooooooooaaaaaahhh, e Sinatra e outros cantavam com esse tipo de harmônicos. Depois o som de avião. Agora temos o som do avião a jato, krrrrrriiiiiiiissssssssshhhhhhhhhh, e os garotos cantam lá em cima."
McGuinn só esqueceu de mencionar o grande antecessor do avião, que foi o trem, cujos "sons mecânicos" tiveram (e têm) importância que nem se discute (talvez até por isso ele tenha se esquecido - afinal, ele era um "Byrd", "voando" a oito milhas de altura). E, além dos meios de transporte, há muitas outras invenções que ajudaram muito a formar o rock and roll como hoje o conhecemos.
(que em 1949 começou a substituir os quebradiços 78s que rodavam pelo mundo desde 1887),
Disco de vinil com rotação de 78 RPM
o rádio transistor em 1954 (que, como o compacto em 45 RPM, era prático, pequeno e ao alcance das também pequenas rendas dos adolescentes).
Duas cores de um modelo de rádio transistor à pilha
Sem falar nos gravadores de fita plástica
(ou fio de metal), surgidos nos anos 30 na Alemanha
Fita cassete
(após um protótipo criado pelo inventor dinamarquês Valdemar POULSEN em 1898, O dispositivo, chamado de Telegraphone) e que facilitaram em muito a gravação de música
(até então feita somente em discos de acetato, os famosos LPs), possibilitando emendas e truques. O guitarrista Les Paul (nascido em 1915), por exemplo, foi o primeiro a lançar discos em que tocava tudo sozinho, além de dobrar a rotação da guitarra-solo, resultando em timbre e velocidade humanamente impossíveis, em 1948.
Vitrola tocando um LP, sucessora do gramofone
Enfim, a Era do Rock coincidiu com um período de grande prosperidade e otimismo, quando EUA, sob o Presidente Dwight "Ike" Eisenhower,
Presidente Dwight "Ike" Eisenhower
eram a maior potência do mundo, e bem mereceram se tornar os reis do entretenimento leve e descompromissado (cinema, carros, hambúrgueres, pop music), após tanto sofrerem com as duas guerras mundiais e a Grande Depressão de 1929/1932, quando faltaram empregos e dinheiro a ponto de muitas gravadoras quase fecharem (a Victor só se salvou ao ser adquirida pela RCA). Os jovens, desobrigados de se dedicarem muito ao serviço militar (foi uma época de paz, entre a II Grande Guerra, as guerras da Coréia de 1950/51, do Líbano em 1958 e do Vietnã dos anos 60) ou ao trabalho quase escravo da Grande Depressão dos anos 20, 30, tinham, pela primeira vez, tempo livre para seus próprios interesses e seu lazer - afinal, a vida é para ser vivida, não é? E nunca foi tão polêmico o conflito de gerações entre os jovens e seus pais (ou seja, os jovens de ontem); além de mais preocupados com o presente que com o futuro (veja, por exemplo, os Cadillacs
Cadillac
e Lincolns Continentals;
Lincoln Continental
para que economizar gasolina se os EUA eram a terra do petróleo? Só nos anos 70 eles acordariam, mas, como eu disse, não era hora de pensar no futuro), os jovens dos anos 50 tinham cultura e comportamento próprio, definidos por detalhes como calças jeans, brilhantina, rabos-de-cavalo, óculos "gatinho", carros velozes, lambretas,
Lambreta
rádios portáteis, compactos 45 RPM e... naturalmente, rock and roll. Exceto para os jovens universitários, que preferiam sons mais "cabeça" e mais exóticos, como o jazz, o mambo e a folk-music americana, além da literatura existencialista "beat" (note que a "batida" da música mais ritmada, como o jazz be-bop e o mambo, era importante a ponto de dar nome a uma escola de literatura e uma geração, a "beat generation", os pais dos hippies dos anos 60).
Veja o documentário completo "A INSPIRAÇÃO BEAT" (beat generation) Documentário postado por: Mauro Wermelinger
uf! Aí estão, resumidamente, as raízes do rock and roll, todo o resto é conseqüência. Com tantas influências, o rock só poderia ser tão influente. E deu para perceber que aquela cena do filme "De Volta Para O Futuro", dirigido por Robert Zemeckis em 1985, além de muito engraçada, é mais verdadeira do que parece. Você sabe, aquela cena em que Michael J. Fox, egresso de 1985 para 1955, toca um riff de Chuck Berry e o primo deste se entusiasma a ponto de telefonar na hora para Chuck: "Êi, Chuck, ouça aqui o som que você estava procurando!"
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