MONSTERS OF ROCK - A cidadezinha inglesa de Castle Donnington foi meca do som pesado por quase 20 anos ao abrigar o principal evento de metal do planeta. Todo mundo que é alguém na cena metaleira já tocou lá. O MOR durou de 1980 a 1996, sendo brevemente ressuscitado em 2006. O Brasil teve quatro edições nos anos 90.
Local(is)Donington Park, Inglaterra:
1980 - 1996
São Paulo, Brasil:
1994 - 1996, 1998, 2013, 2015
Buenos Aires, Argentina:
1998, 2005
além de outras cidades
O Monsters of Rock foi criado em 1980 pelo promotor Paul Loasby que, juntamente com Maurice Jones, queria um festival apenas com bandas de hard rock e heavy metal. O local escolhido foi uma pista de corrida em Donington Park, localizada ao lado da aldeia de Castle Donington, em Leicestershire, Inglaterra. O local era desconhecido, mas a facilidade de transportes de todas as partes do país e o nível do solo inclinado, que permitia uma ótima visualização para o público em todo o local, influenciaram em sua escolha. O line up dos primeiros anos do Monsters consistia em uma mistura de bandas britânicas e internacionais e o sucesso foi instantâneo, com um público de 35 mil fãs presentes. Concebido como um evento único, já no primeiro ano nasceu a ideia de transformar o festival em uma atração anual. Ao longo dos anos, os números do público continuaram a crescer, chegando a 107 mil pessoas em 1988, quando dois fãs morreram durante um show do Guns 'n Roses – logo após o começo do show, houve uma precipitação de público em direção ao palco. Inicialmente, a culpa foi atribuída ao tamanho da multidão, mas depois chegou-se à conclusão de que o clima úmido, chuvas e muita lama, em um terreno inclinado, favoreceram o incidente. Em consequência disso, o festival foi cancelado no ano seguinte, retornando em 1990 com uma limitação de público de 75 mil pessoas.
O festival continuou como o principal evento de hard rock na Grã-Bretanha na década de 90, mas teve um segundo cancelamento, em 1993, devido à incapacidade de se encontrar uma forte atração principal para a edição daquele ano. Em 1995, o festival se viu em uma situação semelhante, e teve que fazer um acordo com o Metallica, que pediu controle sobre o evento, ganhando o nome de “Escape from the Studio”. Em 1996, Ozzy Osbourne e Kiss encabeçaram o line up e embora na época se anunciassem planos para estender o festival em um evento de dois dias, a partir de 1997 o Monsters não voltou a acontecer. Em 2006, o festival foi revivido na Inglaterra em edição única, tendo o Deep Purple como atração principal e Alice Cooper como convidado especial. Até hoje, a única banda a encabeçar o festival mais de duas vezes foi o AC/DC, em três ocasiões: 1981, 1984, 1991.
O sucesso do Monsters foi tanto que a partir de 1983 o festival começou a ganhar versões internacionais - Alemanha, Suécia, Itália, Eua, Holanda, Espanha, França, Hungria, Bélgica, Áustria, Polônia, Rússia, Brasil, Chile e Argentina. No Brasil, o Monsters teve sua primeira edição realizada no dia 27 de agosto de 1994, no Pacaembu, tendo como atrações Kiss, Slayer, Black Sabbath, Suicidal Tendencies, Viper, Raimundos, Angra e Dr. Sin. A segunda edição, também realizada no Pacaembu, em 2 de setembro de 1995, trouxe como atrações Ozzy Osbourne, Alice Cooper, Faith No More, Megadeth, Therapy, Paradise Lost, Virna Lisi, Clawfinger e Rata Blanca. O Pacaembu foi novamente palco do festival em 24 de agosto de 1996, quando tocaram o Iron Maiden, Skid Row, Motörhead, Biohazard, Raimundos, Helloween, King Diamond, Mercyful Fate e Héroes del Silencio. Em 1998, no dia 26 de setembro, na Pista de Atletismo do Ibirapuera, aconteceu a quarta edição do festival no país, tendo nos palcos a presença das bandas Slayer, Megadeth, Manowar, Dream Theater, Saxon, Savatage, Glenn Hughes, Korzus e Dorsal Atlântica.
Em 2013 aconteceu a quinta edição brasileira do Monsters of Rock, na Arena Anhembi, nos dias 19 e 20 de outubro, com dois dias de apresentações e dois palcos, e a presença das bandas Aerosmith, Whitesnake, Slipknot, Korn, Limp Bizkit, Killswitch Engage, Hatebreed, Gojira, Ratt, Buckcherry e Queensrÿche.
Em 2015 foi realizada a sexta edição brasileira do festival. Nos dias 25 e 26 de abril se apresentaram as bandas Ozzy Osbourne, Judas Priest, Motorhead, Black Veil Brides, Rival Sons, Coal Chamber, Primal Fear, Kiss, Judas Priest, Manowar, Accept, Unisonic, Yngwie Malmsteen e Steel Panther.
1980
Rainbow - Monsters of Rock - 1980 HD
1981
AC/DC - Hells Bells (Donington Park, England 1981)
1982
Whitesnake - Here I Go Again. Top Of The Pops 1982
1983
Whitesnake - Live in Donington 1983 [Full Concert]
1984
Van Halen- Castle Donnington 08/18/84 Hot For Teacher
1985
Nenhum vídeo (apenas entrevistas)
1986
Bad News Castle Donnington Monsters of Rock 1986
1987
Bon Jovi - I'd Die For You (Monsters Of Rock 1987)
Mito do rock no 3: "A década de 70 foi a década que o bom gosto esqueceu, auto-indulgente, narcisista, plácida e, em resumo, uma época que não prestou." (Opinião de Ayrton Mugnaini Jr.).
(Mito no 31/2:"as décadas vão dos anos 1 a 9". Na verdade, vão do ano 1 ao ano zero da dezena seguinte. Por exemplo, a década de 70 vai de 1971 a 1980, ao contrário dos anos 70 que vão de 1970 a 1979. Mas chega de pentelhar e vamos em frente.)
Na verdade, com a indústria cada vez maior, simplesmente aumentou o espaço para dejetos, sucatas e material com defeitos de fabricação. E o ser humano, sabe como é, tende a lembrar e divulgar os maus momentos melhor que os bons. Enfim, se uma década foi melhor que outra é mera questão de gosto (bom ou mau, não se discute).
Em 1970 o rock, assim como os roqueiros da primeira geração, já haviam atingido sua maioridade e a inocência dos primeiros tempos era apenas passado. As grandes bandas em sua maioria estavam cercadas dos melhores equipamentos de estúdio e mesmo orquestras (bastante emblemático é o lançamento do Deep Purple, Concerto For Group And Orchestra). Um outro grande passo para a sofisticação fora também a rápida difusão dos sintetizadores (a início os Moogs e Minimoogs inventados por Robert Moog), teclados capazes de criar novas tessituras e variedades sonoras antes impraticáveis.
Deep Purple Royal Philarmonic Orchestra 1969 Full Concert
O fim dos BEATLES foi emblemático do fim de mais uma era no rock. Haviam sido talvez a banda que mais ajudara na transição entre o rock básico de letras simples dos primeiros tempos ao rock mais complexo e sério musicalmente e liricamente. Não mais apenas diversão e produto de consumo o rock era definitivamente encarado como expressão artística e social.
O publico de rock se dividia em duas frentes, a dos adolescentes mais interessados nos hits singles de bandas teoricamente "descartáveis" e a dos já amadurecidos rockers dos primeiros tempos, em busca de experimentação, letras elaboradas, álbuns completos.
O rock progressivo começava a se apresentar ao grande público e Greg Lake, após abandonar a banda King Crimson, formava a clássica banda Emerson, Lake and Palmer (acompanhado de Keith Emerson e Carl Palmer), cativando um público cada vez mais sério.
Emerson, Lake and Palmer's first performance
O álbum Deja Vu de Crosby, Stills, Nash and Young, é o mais vendido do ano nos Estados Unidos.
Com a aquisição do baterista Phill Collins a banda Genesis iniciava sua carreira de sucesso.
Genesis - Rock and Roll Hall Of Fame
Embora o rock progressivo continuasse em expansão, bandas de musicalidade mais simples e muito baseadas no apelo fácil da rebeldia voltavam a surgir para suprir a nova geração, principalmente nos Estados Unidos, como Slade, Sweet, Gary Glitter, T Rex, ou conseguiam um sucesso tardio, como David Bowie, Bay City Rollers e Elton John. A imagem (maquiagem, cabelos, roupas exageradas e coloridas) de músicos como Marc Bolan, do T Rex, iniciavam a definição do estilo Glam Rock (que aproveitavam a imagem esdrúxula e em muitos casos andrógina como fator de marketing).
Na Inglaterra, em 1970, sem requintes musicais, o BLACK SABBATH gravava seu primeiro disco (conta a lenda que em apenas dois dias), auto intitulado, expandindo as fronteiras do "peso" no hard rock e criando o que possivelmente poderia ser o primeiro disco definitivamente heavy metal conhecido do grande público. O limite dos escândalos envolvendo sexo, drogas e "satanismo" também é empurrado para diante.
Black Sabbath Live in Paris 1970 (Full Show)
Munido de maquiagem e teatralidade inéditos até então Alice Cooper seria a resposta americana ao inédito peso e atitude do Black Sabbath. Surge para o público em 1971 com o hit Eighteen e o álbum Love It To Death.
Alice Cooper "Eighteen" 1971 (Reelin' In The Years Archives)
A cristalização do uso da imagem, do teatro e da "atitude" como fator de marketing tão ou mais importante do que a própria música seria a banda americana KISS (que lançou seu álbum de estréia, auto-intitulado, em 1974) cujos músicos tocavam maquiados, assumiam personalidades de demônio, animal, homem espacial e deus, voavam, cuspiam fogo, vomitavam sangue e vendiam discos, maquiagem e bonecos como nenhuma banda de simples músicos poderia vender.
KISS - Deuce Live 1974
Em 1975, paralelamente ao rock elaborado das bandas progressivas ou de hard rock (o Queen lançava seu excelente primeiro disco auto-intitulado) e ao rock comercial glam, surgia nos pequenos bares e casas de show dos Estados Unidos um movimento musical underground marcado por descompromisso e cheio da autenticidade e da real rebeldia que faltava a estes primeiros. Em pequenos locais (como o emblemático CBGB em New York) bandas como Blondie e Ramones. O estilo era marcado pelo "do-it-yourself", a possibilidade de qualquer um (mesmo que não sabendo tocar) montar uma banda.
Queen - 'Seven Seas of Rhye' [Top of the Pops 1974] (Two Performings VERY RARE)
Pois bem, agora é a vez de lembrarmos os estilos de rock mais marcantes surgidos ou desenvolvidos nos anos 70.
Resume-se a blues super amplificado, com guitarra, contrabaixo e bateria socando riffs em uníssono e vocais igualmente estridentes, com efeito e temática aflitivos e tenebrosos. Ancestrais diretos incluem Link Wray, os Kinks, os Yardbirds, Hendrix e o Vanilla Fudge; o heavy tomou forma em 1968 com o surgimento dos ingleses Led Zeppelin, Deep Purple e Black Sabbath, a que os ianques contra tacaram com Grand Funk, Mountain e outros. Uma ilustre variante, o hard-rock, pode ser vista nos anos 70.
Veja ainda um show completo de Led Zeppelin - Live in Knebworth em 1979:
1) "BLACK SABBATH" - Black Sabbath (do disco Black Sabbath, de 1970)
2) "DOWN, DOWN" - Status Quo (do disco On the Level, de 1974)
3) "ELEANOR RIGBY" - Beatles (do disco Revolver, de 1966)
4) "KASHMIR" - Led Zeppelin (do disco Physical Graffiti, de 1975)
5) "REBEL REBEL" - David Bowie (do disco Diamond Dogs, de 1974)
As cinco piores do rock
1) "LAS PALABRAS DE AMOR" - Queen (do disco Hot Space, de 1982)
2) "THE FINAL COUNTDOWN" - Europe (do disco The Final Countdown, de 1987)
3) "OB-LA-DI, OB-LA-DA" - Beatles (do disco White Album, de 1968)
4) "HOT DOG" - Led Zeppelin (do disco In Through the Outdoor, de 1979)
5) "FOLLOW YOU, FOLLOW ME" - Genesis (do disco And Then There Were Three, de 1978)
Bandas que quase ninguém conhece, mas são essenciais
1) SOULSAVERS - Sensacional duo formado pelos produtores Ian Glover e Rich Machin, que consegue a proeza de mistura rock, música eletrônica e blues com um equilíbrio que beira o sublime. Os caras têm dois discos, sendo que o segundo, It's Not How Far You Fall, It's How You Land (de 2007) traz os vocais sempre sinistros e maravilhosos de Mark Lanegan (ex-Scremaing Trees). Não deixe de ouvir!
2) HOGJAW - Imagine uma mistura de Lynyrd Skynyrd, Allman Brothers, Black Crowes, Mountain e Bad Company, só que com muito mais peso e suingue. Este quarteto americano (mais precisamente do Arizona) tem apenas um disco - o estonteante Devil in the Details (de 2007) -, mas exibe a maturidade de uma banda veterana. Simplesmente espetacular!
3) ROBIN TROWER - Ele foi guitarrista do Procol Harum (lembra do hit "A Whiter Shade of Pale"?) e é dono de uma carreira muito legal, embora tenha sucumbido à superficialidade durante os anos 80. De uns tempos para cá, anda gravado discos excelentes - como aquele que lançou este ano, ao lado do baixista Jack Bruce (ex-Cream), Seven Moons -, mas o melhor está em seus álbuns dos anos 70, principalmente no antológico Bridge of Sighs. Pode comprar sem susto!
4) DAVID SYLVIAN - O ex-vocalista do Japan (conhecida banda dos anos 80) sempre se pautou pelo experimentalismo em sua carreira - não foi à toa que um de seus muitos colaboradores foi o guitarrista Robert Fripp, o líder incontestável do King Crimson. O mais impressionante é que todos os seus discos (sim, eu escrevi "todos") são excelentes, com sonoridades estranhas e, ao mesmo tempo, extremamente cativantes. Se você ouvir discos como Brilliant Trees (de 1984) ou o mais recente, When Loud Weather Buffeted Naoshima (de 2007), garanto que você vai se sentir uma outra pessoa - bem melhor!
5) TWILIGHT SINGERS - Este é o projeto capitaneado pelo ex-vocalista do Afghan Whigs, Greg Dulli. Cantando e tocando como se fosse a última coisa a fazer na face da Terra, ele consegue trazer em composições todas as sensações de dor e satisfação que um ser humano pode sentir. Se os Beatles fossem um grupo de rock eletrônico, eles provavelmente soariam como o Twilight Singers.
Fonte: Régis Tadeu * * Régis Tadeu é editor das revistas Cover Guitar, Batera e Percursão, Cover Baixo, editor-chefe da editora HMP e ficou conhecido por quebrar CDs ruins no programa Superpop.