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quarta-feira, 4 de setembro de 2019

Boas Vindas



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Foi aperfeiçoada a forma de navegar no Triângulo do Rock.

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Um abraço e aguardo algum comentário com sugestões e críticas para melhoria deste site facilitando a sua própria utilização. Grato,

Hedy Lennon

Cartaz descrevendo este site de música

Atualizações em 2016

Discografia atualizada com fotos de todos os discos, CD's e LP's dos Rolling Stones e Pink Floyd.

Festivais atualizados com 79 dos principais festivais nacionais e internacionais e como tudo começou.

Gêneros e Estilos atualizados com os filmes e clipes de shows que faltavam. Os vídeos poderão ser assistidos nas próprias páginas de cada gênero e ano:

Anos 2000




Anos 2010



Novos artigos 16/02/2016



Minha Pequena Biografia Rock in Roll


Eu, Hedy Lennon sou um cara de gosto eclético, músico erudito e popular, já toquei em bandas sertanejas, country, samba, reggae, rock e por fim toquei teclado em uma banda de samba-rock, mas eu amo muito mesmo é o rock, e o meu maior sonho seria viajar no tempo e assistir o Show de Woodstock  ao vivo nos Estados Unidos. Gostaria de ter vivido naqueles tempos de paz e amor. Resumindo era tudo sexo, drogas e rock and roll. Porém já era muito inspirado, não precisava das drogas, só duas doses de "pingão tava muito bão" para ficar alegre ou maluco. "É isso aí galéra, vamos nessa que o resto não tem pressa".

Boas pesquisas para vocês: - estudantes, produtores, músicos em potencial e roqueiros deste mundo leso, liso e muito louco.


sábado, 29 de março de 2014

005-10 Tecnorock 02


(Continuação) ...

Ultravox e o tecladista Gary Numan,

 além dos LPs Low e Heroes de David Bowie.


O tecno pop continua se desenvolvendo, e entre os nomes surgidos pode-se destacar Thomas Dolby,

 Howard Jones,

 seus primos do rap (de quem falaremos nos anos 80) e, mais por popularidade que por talento, o New Order.


Enfim, os anos 70, segundo Ana Maria Bahiana em 1975, foram uma época "fútil" onde "tudo se esquece e se perdoa", ou, diz outro crítico ainda em 1973, "os plácidos, classicosos e deprimidos anos 70". Certamente, foi uma década confusa, porém ativa. Uns batiam a cabeça na parede com hard e heavy; outros viajavam com o progressivo; outros dançavam com a "disco" e não faltou quem vivesse os 1970 "como um longo velório dos anos 60", segundo Claudio Foá. De fato, os ideais de paz e amor "já eram", e os clichês harmônicos e rítmicos do rock exigiam (e conseguiram) renovação por fusão com outros gêneros, como o jazz ou a música africana (e como rotular artistas como Rush e Bruce Springsteen?) E só pode ser confusa uma época onde, em plena suposta crise de petróleo, energia, papel e vinil graças ao boicote dos árabes, se inventa e desenvolve o compacto de 12 polegadas, a princípio para a "disco-music", depois para todo o pop e rock em geral. É como disse Ayrton - "crise é que nem sorte, só tem quem acredita nela".



No próximo post você verá Anos 80...




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005-10 Tecnorock 01


(TECNO POP, OU AINDA SYNTH-POP)


Silver Apples e seu sintetizador pré-histórico em 1968

Aqui tudo é substituído por máquinas como sintetizadores, computadores, fitas ou disquetes pré-gravados, vocoders e baterias eletrônicas, exceto (mas quase também) os próprios músicos. Um precursor hoje obscuro foi a dupla norte-americano Silver Apples, um baterista e um executante de sintetizador pré-histórico, isto em 1968.

Na década seguinte o gênero se cristalizou com grupos como os alemães Kraftwerk

 e Tangerine Dream,

 o italiano Giorgio Moroder,

 os ingleses Depeche Mode,

 Human League





No próximo post você verá a continuação de Tecnorock ...


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005-09 Arena-Rock


O extremo oposto do pub-rock. Para alguns, sua origem está no festival de Monterey, onde Jimi Hendrix,

 The Who

 e Janis Joplin,

 para enfrentar uma grande platéia, tiveram que abandonar a sutileza; o negócio é cativar a massa sem muitos intimismos. Daí o arena-rock ser um "hard-rock-brega", com guitarras altas e aqueles refrões altamente cantáveis e ótimos para ajudar a vender câncer do pulmão, às vezes até se confundindo com os menos bombásticos MOR ou AOR; e dá-lhe Peter Frampton,

 Asia,

 Europe,

 Journey,

 Kingdom Come,

 Def Leppard... Ao sucesso!



No próximo post você verá Tecnorock...


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005-08 Pub-Rock



"Pub" (o barzinho dos britânicos) sempre foi ideal para músicos que procurem platéia seleta e fujam de pompa e estrelismos. Seus pioneiros incluem músicos como Nick Lowe,

 Ian Dury

 e Brinsley Schwarz

 e grupos como Dr. Feelgood,

 além de ianques de passagem pela Inglaterra como Ace

 e Eggs Over Easy.

 O descompromissado e espontâneo pub-rock influenciou muito o punk; que o digam ex-pub-rockers como Joe Strummer, futuro Clash,

 e Elvis Costello.




No próximo post você verá Arena-Rock...


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005-07 Glitter Rock


Uma espécie de bubblegum inglês surgido no finzinho dos anos 60, com um ritmo 4/4 bem marcado, quase tribal, e um visual ainda mais marcante, com muita purpurina ("Glitter"), maquilagem, saltos plataforma e lamê. No Glitter-Rock se revelaram futuros mestres do Hard-Rock como o Slade

 e o Sweet,

 além da norte-americana radicada na Inglaterra Suzi Quatro

 e, claro, Gary Glitter, "The leader of the gang".

 O Glitter-Rock teve ainda um subgênero, o "Glam-Rock" ("glam" de "glamour"), um pouquinho mais sofisticado e sutil e, portanto, ótimo para consumo adulto. Seus baluartes foram Marc Bolan e seu T. Rex,

 Bryan Ferry e seu Roxy Music,

 Elton John,

 Queen,

 Rod Stewart e os Faces.



No próximo post você verá Pub-Rock...


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005-06 Androginia


ROCK TEATRAL


Valorizou ao máximo o rock como espetáculo de palco, com truques herdados do vaudeville, tais como o "vamp" (aquela "enrolação" instrumental enquanto o vocalista adentra ou abandona o palco) e teatro mambembe, com direito a homens interpretando mulheres e vice-versa. os maiorais foram o Kiss

 e Alice Cooper,

 incluindo enforcamentos, músicos comedores de fogo, desfiles de galinhas, cobras e pintainhos, sem falar em David Bowie,

 o grande "camaleão do rock", ator no papel de cantor ou vice-versa, que fez disco, r and b, tecnopop, etc. Às vezes o excesso de "frescura" resvalava em outro gênero, o Glitter Rock.

David Bowie durante os anos que se passaram, não mudou quase nada, só mudou a roupa, a maquiagem e os cabelos. Veja nas fotos deste vídeo abaixo.

The 100 Faces of David Bowie





No próximo post você verá Glitter Rock...


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005-05 Hard Rock


Variação do heavy, só que de ritmo e temática menos pesados, chegando a ser dançante, algo como um Rolling Stones super amplificado. Hard-rockers ilustres incluem o AC/DC,

 Deep Purple,

 Free (que transmutou no Bad Company),

 Judas Priest (ingleses),

 Aerosmith,

 Blue Oyster Cult,

 Van Halen (americanos),

 Scorpions (alemão),

 Thin Lizzy (irlandês)

 e Bachman-Turner Overdrive (canadense).


No próximo post você verá Androginia...


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005-04 Reggae


Ritmo que, como já vimos, desenvolveu-se na Jamaica a partir do r and b, nos anos 60, e começou a ser ouvido no resto do mundo por volta de 1968. O reggae e seus parentes - dancehall, toast, ska, etc. - tomou conta do mundo, interpretado por ilustres jamaicanos como Bob Marley (1945/1981),

 Peter Tosh (1944/1987)

 e o menos radical dos três, Jimmy Cliff (nasc. 1948),

 além de Grace Jones,

 o grupo UB40

 e branquelos empolgados com o gênero, como Eric Clapton

 e os grupos The Clash,

 Bad Manners

 e, acima de todos, o Police.



No próximo post você verá Hard Rock...


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005-03 Disco


Abreviatura de "discotheque", nome dado nos anos 60 às casas noturnas onde se dança ao som de música gravada e não ao vivo (uma amostra das "discos" de outrora está nos Beatles dançando ao som de seus próprios hits no filme A Hard Day's Night). No fundo, a intenção era recriar o êxtase da dança, em comunidade ou mesmo a sós, como consequência do sucesso do twist (inclusive um dos hits de Chubby Checker foi justamente "At The Discotheque", em 1965).

 E a crise econômica da segunda metade dos anos 70 não motivou somente o punk; a disco era também boa alternativa para pessoas que não tivessem grana para ver, ou contratar, música ao vivo. Na Europa a "disco" floresceu por outro motivo: além de, para os mais esnobes, ela ter um ar de clube privê, gravações de grandes artistas caíam muito bem no lugar dos próprios, geralmente sumidos em shows pelo resto do mundo. A disco dos anos 70, com raízes no soul da cidade da Filadélfia, da Motown e da Atlantic e no soul-funk de James Brown, caracterizou-se por uma marcação rítmica imutável, hipnótica ou entediante segundo o talento de quem fazia (não só o gosto de quem ouvia ou dançava), sendo até chamada de "música ambiente para dançar". Não faltam grandes nomes da disco: Donna Summer,

 Chic (duas músicas para curtir),


 Giorgio Moroder,

 Trammps,

 K.C. and The Sunshine Band,

 além da sutil infiltração gay de artistas como Village People (duas músicas)


 e roqueiros que se deram bem ao aderirem à onda: Bee Gees, Paul McCartney, os Stones, os Kinks, Dan Hartman, Kraftwerk...



No próximo post você verá Reggae...


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005-02 New Wave


Os grupos Clash, Buzzcocks, Magazine, Siouxsie and The Banshees, Damned e Stranglers (Veja os vídeos no post anterior), perceberam que o rock, gordo de dólares a ponto de quase não se mexer, andava carente não só de energia, mas também de canções contagiantes e marcantes. A new wave, não sendo tão destrutiva (ou autodestrutiva) quando o punk, chegou mais perto de eclipsar os roqueiros estabelecidos. Além do Clash (que incorporou elementos de reggae), Buzzcocks, Graham Parker and The Rumour,

 outros ingleses que ajudaram a devolver ao rock a urgência e adrenalina dos bons tempos incluem Nick Lowe,

 Dave Edmunds,

 Rich Kids,

 Ian Dury

 e outros mais "assobiáveis" e que ganharam um subgênero, power-pop. Os EUA não ficaram atrás em termos de new-wave ou power-pop, com os Ramones, Talking Heads, Television, Tom Petty, Blondie, Jonathan Richman and The Modern Lovers, Devo, B-52's, Dead Boys, The Cars, Patti Smith e mil outros.


No próximo post você verá Disco...


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005-01 Punk Rock 02


O PUNK DOS EUA E INGLATERRA


O que segue é uma breve resenha dos grupos punk que eram mais conhecidos na Inglaterra e Estados Unidos:

GRUPOS INGLESES


THE SEX PISTOLS:

(Veja os dois vídeos acima neste post)
Johnny Rotten (vocal)
Steve Jones (guitarra)
Glen Matlock (baixo)
Paul Cook (bateria)
Atuaram pela primeira vez em janeiro de 1976 e em 1977 converteram-se nos líderes do movimento punk inglês.

THE CLASH:


Joe Strummer (guitarra)
Mick Jones (guitarra)
Keith Levine (guitarra)
Paul Simenon (baixo)
Terry Chimes (bateria)
Eram os mais novos.

BUZZCOCKS:

(Veja o vídeo acima neste post)
Howard Devto (vocal)
Steve Diggle (baixo)
John Maher (bateria)
Vindos de Manchester, copiavam cada gesto do Sex Pistols, suas canções não podiam ser mais vazias e agressivas.

SLAGHTER AND THE DOGS:


Wayne Barrat (vocal)
Braian Granford (bateria)
Howard Bates (baixo)
Mike Day (guitarra)
Mike Rossi (guitarra)
São os menos violentos de todos.

EDDIE AND THE HOT RODS:


Barrie Masters (vocal)
Dave Higgs (guitarra)
Steve Nicol (bateria)
Paul Gray (baixo)
Vindos do Sul, ficavam na linha do Dr. Feelgood.

THE STRANGLERS:


Hugh Cornwell (guitarra)
Jean Burnell (baixo)
Dave Greenfield (órgão)
Jet black (bateria)
Os que possuiam mais experiência técnica, tocavam em clubes pequenos desde 1976. Tinham um toque diferente, marcadamente psicodélico.



GRUPOS NORTE-AMERICANOS


THE RAMONES:


Johnny Ramone (guitarra)
Joey Ramone (vocal)
Dee Dee Ramone (baixo)
Tommy Ramone (bateria)
Um dos mais conhecidos grupos por sua aproximação frenética para o rock.

PATTI SMITH BAND:


Patti Smith (vocal e guitarra)
Lenny Kaye (guitarra)
Ivan Kral (baixo)
Richard Sohi (piano)
Jay Dee Daugherty (bateria)
O mais aclamado e o mais criticado grupo punk.

TELEVISION:


Tom Verlaine (guitarra)
Richard Lloyd (guitarra)
Fred Smith (baixo)
Billy Ficca (bateria)
Durante 1975, foi o grupo "underground" preferido pelos críticos. Em 1977 ganhavam a vida em clubes extravagantes, como o CBGB.

HEARTBREAKERS:


Johnny Thunder (guitarra)
Walter Lure (guitarra)
Jerry Nolan (bateria)
Depois de haver trocado drasticamente de direção, começou a soar em 1977 como uma banda clássica do Mersey Sound, de 1964.



No próximo post você verá New Wave...




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005-01 Punk Rock 01


Letras cínicas, gestos obscenos e agressivos, roupas descuidadas, equipamento de má qualidade e maciça participação do público. Uma tentativa de mudança no cenário do rock tradicional. Mas, no fundo, apenas falta de idealismo e criatividade.

Se nos anos 60 a grande onda era paz e amor, solos compridos, muito otimismo e misticismo, o punk inglês de 1976 não gostou muito de ver Mick Jagger e outros antigos rebeldes (antigos em mais de um sentido) passeando de limousines e badalando na soçaite, enquanto os pobres fãs andavam de ônibus. Além de muito niilismo e rebeldia, o punk foi, musicalmente, uma volta às raízes do rock and roll dos anos 50 e do "garage rock" dos 60 da forma mais crua possível; não era incomum membros da platéia (em barzinhos, claro, nada de arenas) subirem ao palco e tocarem melhor (ou menos mal) que os astros da noite. É verdade que os Sex Pistols, embora tão influentes, foram pouco mais que uma armação de um empresário espertalhão, Malcolm McLaren, e que, apesar de rebeldes e irreverentes, ganharam muita grana e se confessaram, num filme e LP chamados "The Great Rock And Roll Swindle" ("A grande trapaça do rock and roll").

Sex Pistols ~ The Great Rock 'n' Roll Swindle




Mas no rock and roll as boas intenções importam muito menos que os resultados, e centenas de punks levaram os Pistols a sério, usando suásticas por ideologia e não, como McLaren e seus amigos, só para chocar. Muitos destes grupos, como o Clash, Buzzcocks, Magazine, Siouxsie and The Banshees, Damned e Stranglers, acabaram aprendendo mais acordes e foram promovidos a New Wave.

Buzzcocks - What do I get




Heavy Lero - SIOUXSIE and THE BANSHEES (1976-1986) com Gastão Moreira e Clemente Nascimento




THE DAMNED - Love Song




Por volta de 1975, foi responsabilidade de Malcon McLaren, até então dono de uma loja de roupas de couro (de certa forma uma sex shop) em Londres, o aproveitamento do novo estilo como algo comercial. Não tendo sido bem sucedido em empresariar a banda americana New York Dolls (que já estavam em franca decadência), McLaren voltou a Londres com a finalidade de montar ele próprio uma banda usando o padrão que havia conhecido nos Estados Unidos. Entre clientes de sua loja recrutou quem tivesse os parcos conhecimentos musicais necessários para formar a banda Sex Pistols. Acrescentaram à música simples e alucinada dos punks americanos letras anarquistas e mais agressivas. Seu primeiro hit foi Anarchy In The Uk, em 1975.

The Sex Pistols - Anarchy In The U.K (official video)




O punk criado nos Estados Unidos e popularizado na Inglaterra (onde logo viria a se tornar um movimento social do proletariado e não mais apenas um estilo musical) foi uma resposta necessária ao rock que estava se levando a sério demais, aos álbuns duplos conceituais, aos solos de dez minutos e às bandas que perdiam de vista o caráter de diversão do rock. O punk embora considerado por muitos anti-música foi na pior das hipóteses um mal necessário para mostrar e conter alguns exageros do progressivismo.

Em 1977 o primeiro disco dos Sex Pistols, Nevermind The Bollocks entraria direto no primeiro lugar da parada britânica. Aos Sex Pistols se seguiriam dezenas de bandas inglesas e americanas como Clash, Damned, Siouxie and The Banshees, além de serem resgatadas e tiradas do anonimato bandas como Ramones e Blondie.

O estilo também influiria embora indiretamente na sonoridade de novas bandas que surgiam, como Motörhead e AC/DC. O punk também absorveria elementos de outros estilos (como o reggae, por exemplo, de temática e musicalidade semelhantes em sua simplicidade). Bandas como The Police, Simple Minds e Pretenders (e um pouco mais tarde U2) adotariam um estilo que viria a ser conhecido como new wave, mais facilmente aceitável que o punk (cuja fórmula inicial já não surtia tanto efeito comercialmente).

Mas o punk e a new wave não eram a única alternativa à onda "disco" que assolava a música. Começava a se formar na Inglaterra com bandas como Judas Priest, Samsom e principalmente IRON MAIDEN o que viria a ser conhecido como New Wave Of British Heavy Metal, a resposta do som pesado e elaborado à sonoridade simples do punk. O hard rock também dava sinais de renovação com o primeiro álbum auto-intitulado da banda Van Halen em 1978.

Heavy Lero - IRON MAIDEN (1975 - 1981) - apresentado por Gastão Moreira e Clemente Nascimento




Heavy Lero - VAN HALEN (1974 - 1985) - apresentado por Gastão Moreira e Clemente Nascimento





Apesar do fim dos Sex Pistols em 1978 (com a fórmula tão esgotada quanto os próprios músicos após uma imensa tour pelos Estados Unidos) e da morte do anti-herói, símbolo do punk, Sid Vicious (de overdose, após conseguir liberdade condicional da prisão onde estava por ter supostamente assassinado a namorada) em 1979, o rock nunca mais seria o mesmo após a onda punk.


PUNK-ROCK, rebeldia sem justa causa


Selvagens, pretensamente não-convencionais, sem virtudes musicais de nenhuma classe, indiferentes, gratuitamente agressivos. Para levar à frente a obsessão da ideia de que o rock deve voltar às ruas, o movimento punk apoderou-se de todos os temas e modos negativos - violência, álcool, loucura, aborrecimento e apatia - e os esparramou disfarçados com "naturalidade", "espontaneidade" e "sinceridade". Apesar de grupos como Sex Pistols (na Inglaterra) ou Ramones (nos Estados Unidos) acreditarem ser defesa suficiente afirmar que o rock gerador de toda a música de hoje nasceu como uma rebelião (justa e lógica) contra uma série de pontos falsos do "sistema estabelecido", parecem esquecer-se de que nenhuma rebelião pode apresentar algum resultado, nem lograr frutos duradouros ou coerentes, se baseada no niilismo. E o punk-rock é, básica e lamentavelmente, niilista.

GRITO PRIMÁRIO - O punk-rock queria ser para a década dos 70 o que Elvis Presley e James Dean foram para a de 50, e os Stones e o Who foram para os anos 60. Quer dizer, os rebeldes, os que pegavam em suas mãos as bandeiras da insatisfação e aborrecimento de certos setores da juventude, os que protestavam contra o sistema de estrelas, estabelecido no rock de alguns anos até aproximar-se dos anos 80.

Os punks tocavam uma música simples, crua, às vezes até grosseira; vestiam-se o mais descuidadamente possível - inclusive substituindo botões por alfinetes, adotavam uma atitude geral de "estar de costas" para os luxos e as ambições do resto dos integrantes do cenário pop. Mas, é claro, grande parte destas características eram muito menos que autênticas.

O equipamento que usavam era mínimo e muito barato; insistiam em que o público pudesse tocar em casa a música que escutavam nos shows. Tocavam, velocissimamente, canções de acordes básicos e duração nunca maior que três minutos. As letras eram cínicas, renegadas, agressivas. Não havia solos nem improvisações. Tudo era igual: um repetido grito primário.

A participação do público era outra premissa básica. Todos deviam estar convencidos de que a qualquer momento podiam subir no palco e atuar igual ou melhor que os astros do espetáculo. Esta ideia foi alimentada pela impotência de muitos garotos que, em um concerto de grupos como os Stones ou Led Zep, sentiam-se tão longe, tão diferentes deles mesmos, sendo, então, quase inútil tentar segui-los. O punk-rock, ao contrário, dizia poder oferecer igualdade a seu público, devendo, portanto, ser este o motivo de estas bandas germinarem como cogumelos até os anos 80.

GESTOS FÁLICOS - A denominação punk-rock começou a ser usada por volta de 1971, como a definição dos grupos norte-americanos dos anos 65/68, que surgiram como resultado da influência do Yardbirds, Stones, Who e outros ingleses. A habilidade e criatividade não eram, para aquelas bandas, tão importantes como o entusiasmo, mas quase todas estouravam nas paradas com um compacto-simples, desaparecendo logo depois.

Em 1977, o punk-rock era, na Inglaterra, a etiqueta de grupos arrogantes, excetantes, vagabundamente diretos, que tentavam dar uma reviravolta no cenário do rock e voltar às velhas raízes, mais proletárias que espetaculares. Os mesmos interesses guiaram o surgimento do movimento punk nos Estados Unidos, que também tinha numerosos cultivadores. A única diferença notável entre americanos e ingleses era a preocupação um pouco mais intelectual por parte dos primeiros.

Muitos insistiam ainda que o rock nasceu de boas intenções, ventilando o fato de que estes grupos queriam modificar a tendência da música no ano de 1977 - voltar-se para a elaboração, tornando intelectual, eletrônica, sofisticada e tecnológica. Podia ser uma boa ideia, mas quando se tinha em conta as atitudes depreciativas e provocadoras de Johnny Rotten - Joãozinho Podre, do Sex Pistols, com o público, ou os estudados gestos fálicos do Ramones, não se podia deixar de pensar que esses garotos não queriam nada, porque nada lhes importava. Podia até estar certo, dentro de certos parâmetros, que as bandas refletiam o mal-estar e o desinteresse geral destes anos, mas este tipo de atitude era típica da falta de idealismo e criatividade de que padecia grande parte da música na época.

DISFARCE - Alguns dos mais influentes e criativos músicos, como Bowie, Dylan e Lennon - que tiveram preservada sua integridade, nunca deixaram de dar provas de genuína força e imaginação, que modelaram (e até por volta de 1980 continuavam modelando) as atitudes e opiniões dos jovens desta década.

Entretanto, os punks, longe da preocupação de criar, pareciam interessados apenas no negativo, no irreversível, em vez de abrir novos caminhos, para qualquer direção.

De todos eles, talvez Patti Smith seja a única resgatável porque, ainda estando um pouco mergulhada em tudo o que foi dito anteriormente, pelo menos tinha dado mostras de personalidade, de idéias próprias, de protesto justificado e dirigido especificamente ao que ela via de mal. E seus trabalhos (sobretudo o primeiro álbum "Horses") podem ser tomados como uma radiografia bastante precisa, ainda que subjetiva - da decadência da sociedade americana e ocidental em geral, dessa época.

Patti Smith - Horses




Depois de tudo, um artista era finalmente julgado pelo poder de suas mensagens e os feitos de sua visão criativa, tenha um estilo primitivo ou complexo. Também deste ponto de vista o punk nasceu morto, pois não só seus cultores não tinham interesse algum - pelo menos no que demonstram - em comunicar mensagens de qualquer espécie, como também não se podia afirmar irreversivelmente que tinham um estilo, já que o que "a priori" podia ser considerado tal como era, no fundo, tratava-se de uma atitude meramente momentânea.

Os alfinetes, as agressões gratuitas, as más palavras não eram um protesto válido contra o "sistema estabelecido", mas um disfarce para a incapacidade.


Veja a continuação no próximo post Punk Rock 02 ...



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005 Anos 70


Mito do rock no 3: "A década de 70 foi a década que o bom gosto esqueceu, auto-indulgente, narcisista, plácida e, em resumo, uma época que não prestou." (Opinião de Ayrton Mugnaini Jr.).

(Mito no 31/2: "as décadas vão dos anos 1 a 9". Na verdade, vão do ano 1 ao ano zero da dezena seguinte. Por exemplo, a década de 70 vai de 1971 a 1980, ao contrário dos anos 70 que vão de 1970 a 1979. Mas chega de pentelhar e vamos em frente.)

Na verdade, com a indústria cada vez maior, simplesmente aumentou o espaço para dejetos, sucatas e material com defeitos de fabricação. E o ser humano, sabe como é, tende a lembrar e divulgar os maus momentos melhor que os bons. Enfim, se uma década foi melhor que outra é mera questão de gosto (bom ou mau, não se discute).

Em 1970 o rock, assim como os roqueiros da primeira geração, já haviam atingido sua maioridade e a inocência dos primeiros tempos era apenas passado. As grandes bandas em sua maioria estavam cercadas dos melhores equipamentos de estúdio e mesmo orquestras (bastante emblemático é o lançamento do Deep Purple, Concerto For Group And Orchestra). Um outro grande passo para a sofisticação fora também a rápida difusão dos sintetizadores (a início os Moogs e Minimoogs inventados por Robert Moog), teclados capazes de criar novas tessituras e variedades sonoras antes impraticáveis.

Deep Purple Royal Philarmonic Orchestra 1969 Full Concert




O fim dos BEATLES foi emblemático do fim de mais uma era no rock. Haviam sido talvez a banda que mais ajudara na transição entre o rock básico de letras simples dos primeiros tempos ao rock mais complexo e sério musicalmente e liricamente. Não mais apenas diversão e produto de consumo o rock era definitivamente encarado como expressão artística e social.

O publico de rock se dividia em duas frentes, a dos adolescentes mais interessados nos hits singles de bandas teoricamente "descartáveis" e a dos já amadurecidos rockers dos primeiros tempos, em busca de experimentação, letras elaboradas, álbuns completos.

O rock progressivo começava a se apresentar ao grande público e Greg Lake, após abandonar a banda King Crimson, formava a clássica banda Emerson, Lake and Palmer (acompanhado de Keith Emerson e Carl Palmer), cativando um público cada vez mais sério.

Emerson, Lake and Palmer's first performance



O álbum Deja Vu de Crosby, Stills, Nash and Young, é o mais vendido do ano nos Estados Unidos.



Com a aquisição do baterista Phill Collins a banda Genesis iniciava sua carreira de sucesso.

Genesis - Rock and Roll Hall Of Fame




Embora o rock progressivo continuasse em expansão, bandas de musicalidade mais simples e muito baseadas no apelo fácil da rebeldia voltavam a surgir para suprir a nova geração, principalmente nos Estados Unidos, como Slade, Sweet, Gary Glitter, T Rex, ou conseguiam um sucesso tardio, como David Bowie, Bay City Rollers e Elton John. A imagem (maquiagem, cabelos, roupas exageradas e coloridas) de músicos como Marc Bolan, do T Rex, iniciavam a definição do estilo Glam Rock (que aproveitavam a imagem esdrúxula e em muitos casos andrógina como fator de marketing).

Na Inglaterra, em 1970, sem requintes musicais, o BLACK SABBATH gravava seu primeiro disco (conta a lenda que em apenas dois dias), auto intitulado, expandindo as fronteiras do "peso" no hard rock e criando o que possivelmente poderia ser o primeiro disco definitivamente heavy metal conhecido do grande público. O limite dos escândalos envolvendo sexo, drogas e "satanismo" também é empurrado para diante.

Black Sabbath Live in Paris 1970 (Full Show)




Munido de maquiagem e teatralidade inéditos até então Alice Cooper seria a resposta americana ao inédito peso e atitude do Black Sabbath. Surge para o público em 1971 com o hit Eighteen e o álbum Love It To Death.

Alice Cooper "Eighteen" 1971 (Reelin' In The Years Archives)




A cristalização do uso da imagem, do teatro e da "atitude" como fator de marketing tão ou mais importante do que a própria música seria a banda americana KISS (que lançou seu álbum de estréia, auto-intitulado, em 1974) cujos músicos tocavam maquiados, assumiam personalidades de demônio, animal, homem espacial e deus, voavam, cuspiam fogo, vomitavam sangue e vendiam discos, maquiagem e bonecos como nenhuma banda de simples músicos poderia vender.

KISS - Deuce Live 1974




Em 1975, paralelamente ao rock elaborado das bandas progressivas ou de hard rock (o Queen lançava seu excelente primeiro disco auto-intitulado) e ao rock comercial glam, surgia nos pequenos bares e casas de show dos Estados Unidos um movimento musical underground marcado por descompromisso e cheio da autenticidade e da real rebeldia que faltava a estes primeiros. Em pequenos locais (como o emblemático CBGB em New York) bandas como Blondie e Ramones. O estilo era marcado pelo "do-it-yourself", a possibilidade de qualquer um (mesmo que não sabendo tocar) montar uma banda.

Queen - 'Seven Seas of Rhye' [Top of the Pops 1974] (Two Performings VERY RARE)




Pois bem, agora é a vez de lembrarmos os estilos de rock mais marcantes surgidos ou desenvolvidos nos anos 70.


No próximo post você verá Punk-Rock...


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quinta-feira, 6 de maio de 2010

Legião Urbana


Sempre que pensamos em rock, pensamos em bandas e cantores que se tornaram verdadeiros monstros da música. Grupos como Led Zeppelin, Iron Maiden, Deep Purple, Pink Floyd, Black Sabbath, Beatles, Rolling Stones, entre outros, mas esquecemos que o Brasil nos deu verdadeiros gênios da música, principalmente do rock. De todas as bandas que passaram por esses anos, podemos afirmar com convicção que a Legião Urbana foi a maior de todas.

Banda Legião Urbana
Porque a maior? É uma pergunta para qual a resposta é a própria trajetória da banda. A Legião foi uma das poucas bandas que sobreviveu por quase duas décadas num estilo de música com tantas mudanças e modas como o rock n’roll. É uma banda que possui fãs apaixonados, que a idolatram como uma religião, o que infelizmente trouxe problemas para a banda, como nos trágicos shows de 86 e 88 que mostraremos a seguir. Suas músicas tinham algo que faltava em muitas outras bandas: poesia e letras que praticamente "conversavam" com o público. Quem que nunca se identificou com alguma música do Legião? Todos nós com certeza já ouvimos ao menos uma música que tinha algo para nos dizer. E, para resumir, foi uma banda que alcançou um sucesso fenomenal sem estratégias de marketing e com raríssimas aparições na TV, sempre seguindo seus princípios (provavelmente herdados da época em que seus integrantes faziam parte do movimento punk).

Legião Urbana é isso. Uma relação de amor ou ódio, um grupo que sabia como ninguém fazer música e expressar seus sentimentos e os sentimentos dos jovens de toda uma nação, fazendo-os pensar no que acontecia no mundo ao seu redor. Uma banda que hoje faz parte da história da música no Brasil, e que com certeza estaria levando seu trabalho adiante por muitos anos se Renato ainda estivesse vivo.

A História da Legião remonta ao final dos anos 70, época em que o cenário do rock brasileiro não estava muito definido. Naquela época, se você pensasse em rock o que viria a cabeça seria o movimento da jovem guarda, indo mais no passado, e grupos como os Mutantes e cantores do porte de Raul Seixas, tido por muitos como o verdadeiro pai do rock moderno brasileiro. Nessa época o mundo transpirava ideologia, com vários movimentos culturais e sociais ocorrendo ao redor do mundo. No Brasil, os hippies saiam de cena e entravam os punks, com suas atitudes agressivas e até anarquistas. O celeiro do movimento punk foi Brasília, e nesse meio estavam jovens que se tornariam os mestres do rock nos anos 80, entre eles Renato Russo, André Pretórius (ex-Plebe Rude), Fê Lemos e Íco Ouro-Preto (Ex-Capital Inicial) só para citarmos alguns...

Todos eles faziam parte de uma gigantesca turma (ou "tchurma", como se dizia) que se reuniam para conversar, beber, amar e se divertirem como puder. Diversão, naquela época, era algo complicado em Brasília, ela praticamente não existia. Restava as turmas organizarem festas (e ocasionalmente invadirem em bando as festinhas caretas) onde bebiam e escutavam punk rock. Foi uma dessas festas que André Pretorius conheceu Renato Russo, mas precisamente por causa do punk rock. Pretorius olhou os discos que estavam tocando e quis saber quem era o dono deles, e é aí que entra Renato. Nas palavras do Renato Russo o encontro foi mais ou menos assim: "André Pretorius parecia um Sid Vicious loiro. Ele encontrou comigo e perguntou – Cara, você gosta de Sex Pistols ? - Sex Pistols ? Yeah! Legal! – Então que tal formamos uma banda ? ".

Bandas eram o que não faltavam naquela turma. Foram formadas várias na época e todas elas interagiam entre si, trocando integrantes e músicas, e organizando festivais. Querem um exemplo ? Capital Inicial tocava "Fátima" com a letra de Faroeste Caboclo e o Legião fazia o inverso. Imaginem o que isso causava. Dentre as bandas de Brasília, as mais importantes (por fazerem parte da "tchurma") eram Aborto Elétrico (a primeira banda de Renato Russo, considerada o embrião do Legião Urbana, que inclusive incorporou suas músicas no repertório), Blitx 64, Metralhaz, Dado E O Reino Animal, Vigaristas de Istambul... entre muitas outras (todas essas bandas seriam dissolvidas em poucos anos, e seus integrantes formariam os grupos que dominaram o rock dos anos 80, como por exemplo o Capital Inicial, Plebe Rude e, é claro, o Legião).

Depois do encontro entre Renato Russo e André Pretorius, os dois formaram o Aborto Elétrico, tida como a primeira entre as bandas punk de Brasília. Com Renato no baixo e nos vocais, André na guitarra e mais Fê Lemos na bateria o trio estava formado e pronto para tocar.

O aborto elétrico, formado em 79, durou apenas até 1982, fruto de brigas entre Renato Russo e Fê Lemos. Fê Lemos era tão temperamental quanto Renato, e era também um dos mais influentes da turma. Eles chegaram a discutir inclusive durante os shows, brigando no palco por causa da insistência de um se sobressair mais que o outro na música. Após uma dessas brigas Renato decide sair do grupo, e começa a tocar sozinho, definindo um estilo mais folk, que seria adotado no repertório do Legião Posteriormente. Dessa fase, Renato cantava músicas mais completas com um storyboard, como Eduardo e Mônica, Faroeste Caboclo, Dado Viciado, entre outras.

Depois do sucesso do Aborto Elétrico, as outras bandas de Brasília começaram a aparecer.. E com a explosão dos Paralamas do Sucesso no Rio e em São Paulo, e com o sucesso que o Plebe Rude estava alcançando com suas músicas politizadas, Renato Russo decide formar uma nova banda junto com Marcelo Bonfá. Este, por sua vez, vinha de algumas experiências com outras bandas, como o Metralhaz e por último no Dado e o Reino Animal. Durante suas experiências solo, Marcelo começou a flertar com vários modelos de som, desde reggae à música computadorizada. Juntos, os dois decidem formar uma nova banda, a Legião Urbana.

Renato e Marcelo, depois de decidirem montar uma banda, alugam uma sala no Brasília Rádio Center para começarem suas primeiras experiências, mas para que o grupo estivesse completo faltava um guitarrista.

Renato Russo andou observando então Eduardo Paraná, um conceituado guitarrista de Brasília, tido com o melhor deles na época. E durante um show de Paraná em um barzinho, Renato fez o convite, o qual Paraná aceitou na hora. Era a chance dele tocar em uma banda nova, e de entrar para a "tchurma" ao mesmo tempo.

Aos três, se juntou Paulo Paulista, tecladista, que entrou e saiu da banda sem marcar presença. Foi o único tecladista fixo de toda a história do legião, posição que depois foi ocupada pelos membros da banda ou assumida por músicos convidados. Era a primeira vez que Paulo e Paraná tocavam em uma banda elétrica, fato que motivou os dois.

O nome legião, foi sugerido pelo próprio Renato Russo, que conforme uma entrevista dada a Showbizz, poderia ter tido qualquer outro nome. O Legião veio porque eles eram uma turma muito grande, uma verdadeira legião, e o Urbana obviamente porque eram uma legião na cidade, que faziam música urbana. Banda formada, nome encontrado, tudo pronto para o primeiro show.

Curiosamente, o primeiro show do Legião não foi em Brasília, mas em Minas Gerais, numa certa Festa do Milho, onde o promotor da festa havia decidido encaixar algumas bandas de rock entre atrações mais populares. O Show não terminou muito bem, com todos os integrantes da banda algemados. O Motivo? Em plena ditadura militar o vocalista da Plebe Rude, André Mueller começou a conversar com o público, todos moradores da região e trabalhadores agrícolas na maioria, conversa cujo teor socialista não agradou a polícia. Após algumas horas na delegacia foram todos liberados e voltaram para Brasília sãos e salvos. O sucesso da banda veio somente no terceiro show, no Setor Comercial Norte, onde apesar do público baixo, a banda foi recebida com grande entusiasmo, um passo enorme para eles.

Paraná e Paulo Paulista não duraram muito. Paulista saiu tão rapidamente quanto entrou, e Paraná não se encaixava no padrão de música da banda.

Paraná era um músico mais profissional, com um trabalho elaborado. Seus solos intermináveis e estilizados eram fruto de suas influências musicais, guitarristas do porte de Jimmy Page e Jeff Beck. Solos não combinavam com a música punk, de poucos acordes e ritmo rápido. Outro motivo para a saída de Paraná e Paulista era que eles impunham um estilo nitidamente pesado ao som da banda, muito Heavy Metal, o que incomodava Renato Russo e Marcelo Bonfá.

O buraco causado por Paraná foi coberto por Íco Ouro Preto, amigo de Renato Russo e ex-integrante do Aborto Elétrico. Íco também não ficou muito, não chegou nem a subir no palco (era famosa a lenda de que o guitarrista morria de medo do palco). Íco também na época já estava em dúvida quanto ao seu talento musical, e decidiu ser fotógrafo, arrumando as malas e indo para Europa. Outro motivo dele ter abandonado a banda, só explicado recentemente, foi uma cena presenciada por ele numa festa, onde Renato Russo, bêbado, agarrou um cara, deixando Íco em dúvida quanto as preferências sexuais de Renato. Durante sua passagem pelo Legião, Íco, acostumado ao estilo do punk rock, ajudou a terminar arranjos de algumas músicas, que não davam certo com Paraná.

Depois da saída de Íco Ouro Preto, Russo e Bonfá se viram com um grande problema: eles haviam alugado (junto com a turma) o Teatro da OAB para tocarem por quatro finais de semana. Os dois não sabiam o que fazer, e pensaram em várias alternativas, como seguir em dueto, desistir, utilizar percussão eletrônica, quando se lembraram de um outro guitarrista sem banda: Dado Villa-Lobos. Dado (isso mesmo, ele é sobrinho neto de nada menos do que Heitor Villa-Lobos) se mostrou um guitarrista tão bom que assumiu o posto definitivamente no Legião. Além de tudo, ele aprendeu em poucos dias tudo o que os outros integrantes na banda haviam demorado semanas para assimilar, e de quebra, ajudou a terminar e encontrar o ritmo para diversas músicas do Legião. A apresentação acaba sendo um sucesso. (anos depois a banda utilizou desenhos de Bonfá no álbum "Que País é Este" para ilustrar uma história em quadrinhos contando sobre a entrada de um guitarrista fixo na banda)

Mesmo com a entrada de Dado, a banda tem pouco tempo para trabalhar em músicas novas para várias apresentações agendadas, e precisam de uma saída. A saída ? tocar hardcore; a música é simples e de poucos acordes, com uma energia contagiante. Dessa época surgem "Petróleo do Futuro" e "Teorema", entre outras. Algumas músicas da época do Aborto Elétrico, mesmo a contragosto da banda, precisaram ser utilizadas, como "Química" e "Conexão Amazônica" que ganharam arranjos diferentes. Outras como "O Reggae" são terminadas com o auxílio de Dado, completando assim o repertório do Legião.

Nessa época os Paralamas estavam a pleno vapor, fazendo muito sucesso no Brasil. E para sorte do Legião, Bi Ribeiro, integrante da turma e ex-aluno de inglês de Renato Russo consegue uma oportunidade para a banda: gravar um álbum pela EMI, gravadora dos Paralamas, que acabam se tornando seus "padrinhos".

As gravações estão no meio, e um fato marcante acontece: Renato Russo corta os pulsos depois de uma briga com a gravadora por causa dos arranjos de "Geração Coca-Cola". Depois do incidente, Renato fica incapacitado de continuar tocando baixo, e para resolver o problema a gravadora coloca Renato Rocha (mais conhecido como Negrete) no baixo, liberando Renato Russo para os vocais.

A gravadora lança então, em 1985, o primeiro álbum auto-intitulado "Legião Urbana". As músicas eram do repertório básico (Será, Ainda é Cedo, Petróleo do Futuro, Teorema, Por Enquanto, Perdidos no Espaço, A Dança, O Reggae, Baader Meinhof-Blues, Soldados e Geração Coca-Cola). A EMI estava receosa, pois achava que o Legião era só mais uma banda querendo se aproveitar do sucesso dos Paralamas, como dezenas de bandas que surgiram na época.

Mas o receio não durou. Em pouco tempo músicas como "Será" e "Ainda é Cedo" estavam tocando nos rádios e atingindo altos níveis de audiência.

No mesmo ano, a banda se junta em estúdio para iniciar as gravações de seu segundo disco chamado "Dois" (existem duas versões para a banda ter utilizado esse nome no disco; a primeira é, como o próprio nome diz, por ser o segundo trabalho; a segunda versão diz que o nome vem do fato que o segundo álbum devia ser duplo – dois discos – mas como a gravadora ainda não tinha certeza se a banda conseguiria repetir o sucesso do primeiro álbum decidiu lançar um álbum simples. O nome desse álbum duplo deveria ser "Mitologia e Intuição"). O disco (com as faixas "Daniel na Cova dos Leões", "Quase sem Querer", "Acrilic On Canvas", "Eduardo e Mônica", "Central do Brasil", "Tempo Perdido", "Metrópole", "Plantas Embaixo do Aquário", "Música Urbana 2", "Andrea Doria", "Fábrica" e "’Índios’"), marca época no rock e se torna um marco para a banda. Nele, o Legião acaba definindo seu estilo de música, um rock suave, mas com pitadas de hardcore, com uma música em segundo plano e variações vocais e instrumentais, e letras profundas e com críticas a sociedade e a humanidade mas extremamente poéticas, que nos faziam pensar, sem contar nas músicas folk-urbanas, que também marcaram um estilo de Renato Russo cantar e tocar.

O álbum se torna rapidamente um sucesso de vendas, e também foi o disco mais vendido da história da banda. Nessa época, acontece a primeira tragédia com a banda: num show em dezembro de 1986 no ginásio poliesportivo de Brasília, um quebra-quebra termina com uma menina morta e 20 pessoas feridas. Esse fato colaborou a atitude da banda de realizarem pouquíssimos shows durante sua trajetória.

O incidente quase terminou com o Legião. Depois de dois anos sem se manifestar e com a decisão de não fazer mais shows em Brasília, o grupo desiste da ideia de abandonar a carreira e lança mais um álbum novo, o terceiro da banda, "Que País é Este". Este álbum trouxe surpresas ao público, pois ao invés de colocarem composições novas, o Legião gravou músicas da época do Aborto Elétrico e do início da carreira da banda, numa espécie de retrospectiva da carreira. O disco trazia junto um encarte que contava uma breve história da banda, desde a época do Aborto, e comentava cada música individualmente, contando também a história delas. Foi outro bom álbum, que alcançou boas vendagens. As músicas do álbum ("Que País é Este", "Conexão Amazônica", "Tédio (Com Um T Bem Grande Pra Você)", "Depois do Começo", "Química", "Eu Sei", "Faroeste Caboclo", "Angra dos Reis", "Mais do Mesmo") mostravam bem como o grupo mudou do punk para um rock mais leve e elaborado. Podemos destacar algumas músicas daí: Que País é Este – A faixa título do disco é um grande grito de protesto, que agora podia ser gravado sem problemas com censura. Rock dos bons, com direito a bate-estaca e refrão animador, era uma das que mais empolgava o público nos shows. Química – Outra música da época do Aborto Elétrico, mas merece destaque por ser conhecida em várias versões (uma das duas músicas do legião que mais possuíam versões gravadas, mas que foram incluídas em álbuns somente mais tarde. A outra música é "Canção do Senhor da Guerra", que também era para ter saído nesse álbum, mas foi retirada pois era parecida demais com as outras canções acústicas. Ela foi lançada anos mais tarde em versão elétrica na coletânea "Música para Acampamentos". Química, voltando ao assunto, já havia sido gravada pelos Paralamas e uma versão na voz do Legião foi incluída nas primeiras cópias cassete do disco "Dois"), mas a música que mais merece destaque é, sem dúvida, "Faroeste Caboclo". Faroeste foi uma música que fugia dos padrões fonográficos da época, pois era comprida demais (mais de 8 minutos), mudava de ritmo diversas vezes no decorrer (começava no conhecido folk, e terminava um punk de arrepiar!), e, como "Eduardo e Mônica", possui um storyboard (possui uma história com personagens e tudo mais). A música contava a história de João do Santo Cristo, um rapaz pobre e de vida simples e difícil que vai para a capital do país tentar a sorte e acaba no crime. Pode ser interpretada como o povo brasileiro, sofrido, que espera dos políticos uma solução que nunca aparece. Grande sucesso até hoje, que as rádios foram obrigadas pelo público a transmitir sem parar.

Depois de dois anos sem tocar em Brasília, o grupo resolveu fazer um show, muito esperado pelos fãs, mas a organização deu um exemplo de descaso e negligência, preparando um esquema ridículo de segurança, o que não deveria ocorrer, visto o saldo do último show do grupo em Brasília.

O show, feito no Estádio Mané Garrincha, levou 50 mil fãs para assistir a banda se apresentar. O palco foi instalado muito baixo, próximo do gramado, o que não impediu a platéia de subir e atirar objetos, como bombinhas, por exemplo. Até um fã descontrolado subiu e se agarrou no pescoço de Renato Russo, que assustado, continuou tocando para ver se conseguia botar ordem. Mesmo assim o grupo teve que se retirar do palco, revoltando a platéia. As cenas que se seguiram foram terríveis. Uma verdadeira batalha campal se iniciou, entre o público e a polícia, que, montada a cavalo disparava gás lacrimogênio na platéia. O quebra-quebra aumentou até que se espalhou pela cidade, e terminou com um saldo de 385 feridos, 60 pessoas presas e 64 ônibus depredados. Enquanto isso Renato Rocha e Bonfá choravam no camarim enquanto Renato praguejava que não havia vindo até Brasília para dar um show para animais. Nunca mais o Legião voltou a tocar na capital.

Depois de um longo tempo sem gravar, dois anos, a legião sai do estúdio com um trabalho que revolucionaria sua trajetória e o rock brasileiro: o disco "As Quatro Estações", já sem o baixista Renato Rocha, que se desligou do grupo logo após o final das gravações de "Que País é Este", pois não conseguia se adaptar aos compromissos com shows e gravações.

O Novo álbum, onde Renato e Dado se encarregaram dos baixos, é considerado por muitos o grande divisor de águas da história da banda. Em suas onze músicas ("Há Tempos", "Pais e Filhos", "Feedback Song For A Dying Friend", "Quando O Sol Bater Na Janela Do Teu Quarto", "Eu Era Um Lobisomem Juvenil", "1965 (Duas Tribos)", "Monte Castelo", "Maurício", "Meninos e Meninas", "Sete Cidades" e "Se Fiquei Esperando Meu Amor Passar") o lago mais pesado substituído por canções belas, com um forte apelo sentimental, e temas mais pesados (como o homossexualismo, por exemplo) adotado em suas letras. Renato também incluiu citações religiosas nas músicas, como trechos do novo testamento (Junto com os Sonetos de Camões em "Monte Castelo"), o Credo (em "Se Fiquei Esperando o Meu Amor Passar"), citações budistas (em "Quando O Sol Bater...") até citações de livros orientais antigos. Um álbum profundo, que teve quase todas músicas transformadas em sucessos nas rádios, e um dos álbuns mais vendidos da banda.

Através desse álbum com letras mais diretas, o público mais jovem (que era criança na época do início do Legião) se identificou mais com as poesias de Renato Russo, aumentando ainda mais o número de fãs da banda, a essa altura consolidada como a maior banda de rock do Brasil.

A partir de 1990, houve uma grande reviravolta na banda, mais precisamente com Renato Russo. O líder e vocalista assumiu publicamente em uma entrevista que era homossexual, e no mesmo ano descobriu que era portador do vírus da AIDS. Para completar, Renato se afundou no vício, consumindo muita cocaína e heroína. Todas essas mudanças podem ser notadas no disco "V", lançado em 1991.

O novo álbum, mais uma vez surpreendeu os fãs. Era pesado tematicamente, com músicas tristes e letras que falavam do vício nas drogas e de paixões perdidas (fruto de um relacionamento terminado abruptamente na época). Talvez por ter sido um álbum triste foi um que tinha as melodias mais belas do grupo, mas mesmo assim teve músicas bem executadas nas rádios (talvez pelo próprio status da banda). Entre as faixas ("Love Song", "Metal Contra As Nuvens", "A Ordem Dos Templários", "A Montanha Mágica", "O Teatro dos Vampiros", "Sereníssima", "Vento no Litoral", "O Mundo Anda tão Complicado", "L’Âge D’Or" e "Come Share My Life"), podemos destacar "Metal Contra As Nuvens". É uma música sem igual na história da banda. É também a música mais longa até então (11 minutos) e era dividida em quatro partes, que trazia temas medievais e heroicos, numa letra cheia de sentimento. Outras músicas como "A Ordem Dos Templários" e "Come Share My Life" por serem músicas totalmente instrumentais.

Em 1992, a gravadora lança a coletânea "Música para Acampamentos", um álbum duplo com 20 gravações ao vivo e de especiais para rádio e televisão, onde a banda mostra talento intercalando seus sucessos com covers dos Beatles e Rolling Stones. Nesse disco foi incluída a versão elétrica de "Canção do Senhor da Guerra", música, como já dita anteriormente, que possuía várias versões gravadas mas nenhuma em disco.

Depois outro longo período de dois anos sem gravar, os fãs já estavam ansiosos por novos trabalhos do Legião, e em 1993, são pegos novamente de surpresa com o álbum "O Descobrimento do Brasil", o sexto da carreira da banda.

O disco mostrava um Renato Russo alegre, de bem com a vida, recuperado do problema com as drogas e apaixonado. A capa, bem diferente do estilo das anteriores, trazia os três integrantes vestindo roupas medievais (Renato de monge, Dado de cancioneiro e Bonfá de camponês), no meio de um campo florido. Foi também o primeiro álbum a trazer um videoclipe com produção elaborada e figurino (a música "Perfeição"). Quanto as músicas do álbum ("Vinte e Nove", "A Fonte", "Do Espírito", "Perfeição", "O Passeio da Boa Vista" , "O Descobrimento do Brasil", "Os Barcos", "Vamos Fazer um Filme", "Os Anjos", "Um Dia Perfeito", "Giz", "Love In The Afternoon", "La Nuova Gioventú", "Só Por Hoje") elas falavam sobre o amor e a morte, mas ainda mantinham letras de críticas a sociedade (novamente, "Perfeição"). Uma das músicas, "Os Barcos", entrou na trilha sonora de uma novela na rede Manchete. A EMI aproveitou o álbum muito bem comercialmente, que também teve vendagens boas, mas não tantas com os discos anteriores. Muitos fãs antigos não gostaram pois acharam que o estilo de música havia mudado muito. A Legião também fez alguns shows desse álbum, sendo um deles inclusive transformado para a televisão com depoimentos da banda. O Show foi mostrado a exaustão após a morte de Renato.

Três anos se passaram e os fãs tinham poucas notícias da banda e estavam ávidas por novos trabalhos. Neste meio tempo, para burlar a ausência do grupo, a EMI lança em 1995 uma lata em edição limitada com todos os álbuns da banda, com exceção do disco duplo "Música para Acampamentos", remasterizados por Dado Villa-Lobos nos estúdios londrinos da Abbey Road. A lata incluía um livreto com a história da banda e dos discos, e se esgotou rapidamente das lojas. Posteriormente, a EMI distribuiu no mercado os CDs da lata, individualmente, substituindo as gravações originais. Os CDs receberam novo tratamento visual, inclusive no rótulo, e também um selo desenhado por Marcelo Bonfá (Os três andando descalços) impresso na contracapa.

Entre esses três anos, Renato lançou dois álbuns solo, o "The Stonewall Celebration Concert", um álbum comemorativo cantado em inglês, que celebrava os vinte anos de um levante homossexual nos Estados Unidos. O disco continha músicas de Bob Dylan e Madonna, entre outros cantores, e teve seus lucros revertidos para campanha contra a fome do sociólogo Herbert de Souza.

O outro álbum solo, "Equilíbrio Distante", era um álbum cantado em italiano, que segundo Renato, foi feito a pedido de sua família, que gostaria de vê-lo cantando músicas tradicionais em italiano. O disco, foi um sucesso de vendas instantâneo, com mais de 300 mil cópias, e teve suas músicas (principalmente "Strani Amore") tocadas em rádios que nunca antes haviam tocado rock ou falado em Legião Urbana. O trabalho serviu também para chamar a atenção das pessoas pelo lado poético de Renato, e para a beleza de suas composições. Muitas pessoas que se arrepiariam de escutar um disco de rock se tornaram fãs do legião depois do trabalho solo. O disco rendeu também videoclipes, uma indicação para o Video Music Awards Brasil 96 e levou o Premio Sharp de Música na categoria "Melhor Álbum em Língua Estrangeira".

Depois do intervalo mais longo entre um álbum e outro do Legião, a EMI lança em meados de Setembro de 1996 o disco "A Tempestade (ou o Livro dos Dias)". O lançamento foi apressado, pois Renato estava muito enfraquecido e doente, e a gravadora temia que o disco acabasse sendo póstumo. As primeiras tiragens do disco vieram acondicionadas em uma caixa especial de papelão (que ao mesmo tempo era o encarte), como no disco em italiano. O encarte trazia no final uma lista de entidades de defesa dos direitos humanos, da mulher e da criança, para que o público pudesse ajudar.

O Trabalho causou, mais uma vez, surpresa até mesmo nos fãs mais acostumados com as reviravoltas da banda. Ele trazia um Renato com a voz sensivelmente debilitada pela doença, melodias e letras tristes que falavam de dor, tragédia e despedida. O álbum trazia poucas músicas com apelo comercial para as rádios e a primeira faixa transmitida foi "A Via Láctea" (a faixa, depois da morte de Renato, foi finalmente compreendida como a sua despedida do mundo).

As músicas ("Natália", "L’Avventura", "Música de Trabalho", "Longe do Meu Lado", "A Via Láctea", "Música Ambiente", "Aloha", "Soul Parsifal", "Dezesseis", "Mil Pedaços", "Leila", "1º de Julho", "Esperando por Mim", "Quando Você Voltar", "O Livro Dos Dias") eram de vários estilos diferentes. Tinha desde melodias passando por blues, soul, até lembranças de um Legião punk. Duas músicas merecem destaque: "Soul Parsifal", por ter sido feita em parceria com Marisa Monte, e por ser a mais alegre do disco; e "Dezesseis", por ser mais uma música com storyboard, contando a história de um garoto que morre (se suicida) em um racha. Era também uma lembrança da época do punk rock.


Esse seria o último trabalho do Legião Urbana.


No dia 11 de outubro de 1996, o Brasil, em especial os fãs da banda, acordaram chocados com a notícia de que o poeta, músico e líder do Legião Urbana, Renato Russo, cujo nome de batismo era Renato Manfredini Jr, havia morrido na madrugada vítima de complicações resultantes da AIDS. Era o fim de uma era.

Dias depois, a banda anunciou em uma entrevista coletiva na sede da EMI, que o Legião estava oficialmente terminado. Terminava nesse dia também a trajetória da maior banda de rock do país de todos os tempos, uma banda que era quase uma religião, um estilo de vida para os fãs. Para eles, sobraram as lembranças, saudades e músicas de um tempo onde éramos jovens e inocentes, e tudo parecia que ia mudar no país. Um tempo que agora parece muito distante, perdido mesmo.

Quanto a Renato, seu corpo foi cremado e suas cinzas foram jogadas sobre um jardim florido no sítio do paisagista Burle Max, a pedido do próprio poeta.

Depois da morte de Renato, em 1997 a banda resolve juntar velhas gravações e out-takes do segundo e do último álbuns, que deveriam ser duplos. A EMI lança então o álbum "Uma Outra Estação", o álbum póstumo do grupo, que foi vendido rapidamente (assim como todos os outros álbuns da banda que se esgotaram das lojas após a notícia da morte do poeta).

Quanto as músicas ("Riding Song", "Uma Outra Estação", "As Flores do Mal", "La Maison Dieu", "Clarisse", "Schubert Länder", "A tempestade", "High Noon (Do Not Forsake Me)", "Comédia Romântica", "Dado Viciado", "Marcianos Invadem a Terra", "Antes das Seis", "Mariane", "Sagrado Coração" e "Travessia do Eixão") podemos destacar: Riding Song – A faixa conta com a participação do ex-baixista Renato Rocha, que toca e canta em conjunto com os outros dois integrantes. Renato Rocha, foi encontrado por acaso em um restaurante por Dado Villa-Lobos e decidiram imediatamente entrar em estúdio para gravar. A Tempestade – deveria ser a faixa-título do outro álbum, mas acabou saindo somente neste. Clarisse - É uma música autobiográfica, que retrata Renato Russo na pele de uma menina de 14 anos. É também uma das músicas mais compridas do grupo, com mais de 10 minutos, e por fim Sagrado Coração – a música é só instrumental, pois Renato não teve tempo de gravar os vocais.

O que podemos esperar do futuro da banda ? Como o grupo tinha renovado um contrato para lançar três álbuns em 5 anos, podemos esperar ainda um disco com gravações ao vivo, e home-videos com gravações de show. Também havia a intenção de se gravar um disco tributo com vários artistas convidados, de Nação Zumbi a Max Cavalera, mas o projeto, inicialmente sugerido por Fê Lemos (ex-capital inicial e ex- aborto elétrico) foi rejeitado porque era claramente uma auto-promoção do músico que ressurgiu das trevas depois da morte do ídolo.

A única certeza que temos para o futuro é que os fãs jamais se esquecerão do trabalho genial do grupo, que estará sempre em nossa memória. Força Sempre.


Fonte: Rodrigo Freitas