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sábado, 29 de março de 2014

005 Anos 70


Mito do rock no 3: "A década de 70 foi a década que o bom gosto esqueceu, auto-indulgente, narcisista, plácida e, em resumo, uma época que não prestou." (Opinião de Ayrton Mugnaini Jr.).

(Mito no 31/2: "as décadas vão dos anos 1 a 9". Na verdade, vão do ano 1 ao ano zero da dezena seguinte. Por exemplo, a década de 70 vai de 1971 a 1980, ao contrário dos anos 70 que vão de 1970 a 1979. Mas chega de pentelhar e vamos em frente.)

Na verdade, com a indústria cada vez maior, simplesmente aumentou o espaço para dejetos, sucatas e material com defeitos de fabricação. E o ser humano, sabe como é, tende a lembrar e divulgar os maus momentos melhor que os bons. Enfim, se uma década foi melhor que outra é mera questão de gosto (bom ou mau, não se discute).

Em 1970 o rock, assim como os roqueiros da primeira geração, já haviam atingido sua maioridade e a inocência dos primeiros tempos era apenas passado. As grandes bandas em sua maioria estavam cercadas dos melhores equipamentos de estúdio e mesmo orquestras (bastante emblemático é o lançamento do Deep Purple, Concerto For Group And Orchestra). Um outro grande passo para a sofisticação fora também a rápida difusão dos sintetizadores (a início os Moogs e Minimoogs inventados por Robert Moog), teclados capazes de criar novas tessituras e variedades sonoras antes impraticáveis.

Deep Purple Royal Philarmonic Orchestra 1969 Full Concert




O fim dos BEATLES foi emblemático do fim de mais uma era no rock. Haviam sido talvez a banda que mais ajudara na transição entre o rock básico de letras simples dos primeiros tempos ao rock mais complexo e sério musicalmente e liricamente. Não mais apenas diversão e produto de consumo o rock era definitivamente encarado como expressão artística e social.

O publico de rock se dividia em duas frentes, a dos adolescentes mais interessados nos hits singles de bandas teoricamente "descartáveis" e a dos já amadurecidos rockers dos primeiros tempos, em busca de experimentação, letras elaboradas, álbuns completos.

O rock progressivo começava a se apresentar ao grande público e Greg Lake, após abandonar a banda King Crimson, formava a clássica banda Emerson, Lake and Palmer (acompanhado de Keith Emerson e Carl Palmer), cativando um público cada vez mais sério.

Emerson, Lake and Palmer's first performance



O álbum Deja Vu de Crosby, Stills, Nash and Young, é o mais vendido do ano nos Estados Unidos.



Com a aquisição do baterista Phill Collins a banda Genesis iniciava sua carreira de sucesso.

Genesis - Rock and Roll Hall Of Fame




Embora o rock progressivo continuasse em expansão, bandas de musicalidade mais simples e muito baseadas no apelo fácil da rebeldia voltavam a surgir para suprir a nova geração, principalmente nos Estados Unidos, como Slade, Sweet, Gary Glitter, T Rex, ou conseguiam um sucesso tardio, como David Bowie, Bay City Rollers e Elton John. A imagem (maquiagem, cabelos, roupas exageradas e coloridas) de músicos como Marc Bolan, do T Rex, iniciavam a definição do estilo Glam Rock (que aproveitavam a imagem esdrúxula e em muitos casos andrógina como fator de marketing).

Na Inglaterra, em 1970, sem requintes musicais, o BLACK SABBATH gravava seu primeiro disco (conta a lenda que em apenas dois dias), auto intitulado, expandindo as fronteiras do "peso" no hard rock e criando o que possivelmente poderia ser o primeiro disco definitivamente heavy metal conhecido do grande público. O limite dos escândalos envolvendo sexo, drogas e "satanismo" também é empurrado para diante.

Black Sabbath Live in Paris 1970 (Full Show)




Munido de maquiagem e teatralidade inéditos até então Alice Cooper seria a resposta americana ao inédito peso e atitude do Black Sabbath. Surge para o público em 1971 com o hit Eighteen e o álbum Love It To Death.

Alice Cooper "Eighteen" 1971 (Reelin' In The Years Archives)




A cristalização do uso da imagem, do teatro e da "atitude" como fator de marketing tão ou mais importante do que a própria música seria a banda americana KISS (que lançou seu álbum de estréia, auto-intitulado, em 1974) cujos músicos tocavam maquiados, assumiam personalidades de demônio, animal, homem espacial e deus, voavam, cuspiam fogo, vomitavam sangue e vendiam discos, maquiagem e bonecos como nenhuma banda de simples músicos poderia vender.

KISS - Deuce Live 1974




Em 1975, paralelamente ao rock elaborado das bandas progressivas ou de hard rock (o Queen lançava seu excelente primeiro disco auto-intitulado) e ao rock comercial glam, surgia nos pequenos bares e casas de show dos Estados Unidos um movimento musical underground marcado por descompromisso e cheio da autenticidade e da real rebeldia que faltava a estes primeiros. Em pequenos locais (como o emblemático CBGB em New York) bandas como Blondie e Ramones. O estilo era marcado pelo "do-it-yourself", a possibilidade de qualquer um (mesmo que não sabendo tocar) montar uma banda.

Queen - 'Seven Seas of Rhye' [Top of the Pops 1974] (Two Performings VERY RARE)




Pois bem, agora é a vez de lembrarmos os estilos de rock mais marcantes surgidos ou desenvolvidos nos anos 70.


No próximo post você verá Punk-Rock...


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sábado, 3 de agosto de 2013

002-16 América Latina


América Latina: Cuba, Brasil e Argentina



[ Aviso aos navegantes: A partir deste "Post" resolvi facilitar para todos, devido aos problemas desta terrível banda larga do Brasil que está estreita demais e a quantidade enorme de filmes (35) que está história exige. Para que a página abra o mais rápido possível, vocês terão todos os links dos shows e clipes. Clique e abrirá uma nova janela com o filme. Um abraço à todos (as) navegantes. ]


Como já dissemos, graças à "política de boa vizinhança" dos norte-americanos, a cultura de todo o mundo era importada devidamente industrializada e reexportada para todo o mundo.

Esta política ficou bem mais "caliente" com a participação dos ritmos latinos.

Os ritmos cubanos, ou melhor, afro-cubanos, são o que há. Não é façanha alguma um negro tocar simultaneamente ritmos diferentes com as duas mãos e um pé, e tanta riqueza percussiva e rítmica havia de se traduzir em uma infinidade de ritmos, que inclusive sempre chamaram a atenção de roqueiros em geral, por exemplo, o mambo, nascido dentre as religiões afro-cubanas, com nome provavelmente angolano; o bolero, já existente desde meados do século passado e sempre influente até hoje; a salsa, sucesso no mundo todo desde os anos 20 e cujo grande expoente é a cantora Celia Cruz (nasc. cerca de 1925); o son, com influências da Espanha desde o início do século... O rock and roll não poderia ficar imune a sonoridades tão contagiantes, bastando citar exemplos como "Mambo Rock" de Bill Haley, "Tequila" dos Champs, "And I Love Her" dos Beatles e a primeira (e melhor) fase do guitarrista Carlos Santana. E Bo Diddley, único ser humano a dar nome a um ritmo musical, formulou esse ritmo a partir da batida das claves da música cubana.

O violento e passional tango argentino também correu o mundo e se deu bem nos EUA, ganhando logo adaptação ou mesmo composições locais de sucesso, como "Hernado's Hideaway" com Johnny Ray, "Buona Sera" com Louis Prima, "I Get Ideas" (versão de "Adiós Muchachos") com Tony Martin, o trecho em tom menor de "St. Louis Blues" ou a bela "Blue Tango" de Leroy Anderson (veja só, um tango em clima de blues). Os roqueiros não resistiram a brincar um pouco com esse ritmo. Para começar, lembro-me agora de dois tangos-twist, a versão de Chubby Checker de "It Takes Two To Tango" e a italiana "Il Tangaccio" (sucesso no Brasil com os Clevers/Incríveis). Temos ainda um LP do grupo inglês Fleetwood Mac chamado "Tango In The Night" e os mais divertidos "Be-Bop Tango" e "The Sheik Yerbouti Tango" de Frank Zappa.

E ninguém pense que o Brasil só entrou na história do rock como mero "macaco". O samba e o baião fizeram muito sucesso nos EUA (e no mundo todo) nos anos 40/50, não tanto seus intérpretes nacionais, mas os ritmos em si, usados como matéria-prima. "Save The Last Dance For Me", clássico do r and b lançado pelo grupo vocal Drifters, é um baiãozão, com triângulo e tudo, e seus produtores sempre admitiram isso, "we used the baion, a Brazilian rhythm", "Memphis Tenneessee", de Chuck Berry, é outro baião arretado, da época em que nosso amigo pesquisava ritmos latinos em geral. E a bateria de quase todo o rock inglês de 1962-65 nada é mais que baião, pode reparar (exemplos bem claros são "It's Gonna Be All Right" de Gerry and The Pacemakers" e "She Loves You" dos Beatles).

Não é à toa que Raul Seixas gravou "Blue Moon of Kentucky", clássico do country transformado em rock por Elvis, junto com "Asa Branca", tema folclórico adaptado pelo sanfoneiro e cantor Luiz Gonzaga. E quem esquece "Sympathy For The Devil" dos Stones, um samba roqueiro de branco dos melhores?

Depois do samba e do baião, o gênero musical brasileiro que tomou conta do planeta foi a bossa-nova, basicamente uma combinação de samba e jazz (inclusive divulgada lá fora a princípio como "new Brazilian jazz"), cujo grande gênio foi João Gilberto e seu estilo inovador de tocar samba ao violão, como acordes dissonantes e uma ginga toda particular. Não é preciso procurar muito para achar bossa-nova entre o rock and roll, sem pensar muito posso citar dez exemplos: "Bossa Nova Baby" de Elvis, "Sunrise" do Who, "No Return" dos Kinks, "Call Me" com Chris Montez, "Still... You Turn Me on" do Emerson, Lake and Palmer, (e veja este show ao vivo do Greg Lake.), "Step Inside Love", composta por Paul McCartney e hit de Cilla Black, "I'll Never Fall In Love Again", de Burt Bacharach, sucesso com Dionne Warwick, "Busy Doin' Nothin'" dos Beach Boys, "Turn! Turn! Turn!" dos Byrds, as primeiras partes lentas de "Break On Through" e "Light My Fire" dos Doors... sem falar no "revival" da bossa-nova na Inglaterra nos anos 80, com os grupos Everything But The Girl, The Style Council e outros jovens insatisfeitos com o estado da música pop-rock de então.

Não é à toa que os historiadores de hoje em dia tendem à conclusão de que os compositores de maior influência mundial desde os anos 60 sejam a dupla Lennon/McCartney e Mr. Tom Jobim.


No próximo post você verá Itália...


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quarta-feira, 22 de maio de 2013

002-15 África


ÁFRICA,  JAMAICA E CARIBE



Só... estamos entrando na chamada "música do Quarto Mundo", das chamadas Índias Ocidentais, onde as colonizações africana, inglesa e francesa resultaram em novos gêneros, ou melhor, em ritmos muito importantes como o calipso, o beguine e o reggae, o soca e derivados.

O calipso já existe desde cerca de 1900, surgindo na ilha de Trinidad, unindo ritmos africanos com melodias e danças da Venezuela, logo ali em baixo no mapa, havendo ainda influências inglesas, francesas e até irlandesas.

Na virada do século o idioma nacional já não era o dialeto local e sim o inglês. Um dos poucos ídolos locais a atingir notoriedade mundial é o cantor/compositor Lord Kitchener ("Kitch") (nasc. 1921), que chegou a ser um dos favoritos da Princesa Margaret da Inglaterra.


Outro grande nome do calipso é Harry Belafonte (nasc. 1927), nascido em Nova York, mas que morou cinco anos na Jamaica e, após tentar carreira como cantor pop, enveredou pelo folk em 1955 e emplacou de vez com "Banana Boat Day-O",


"Jamaica Farewell"


e outras. Com tanta divulgação, roqueiros brancos começaram a fazer seus próprios calipsos a partir da segunda metade dos anos 60, como "Ob-La-Di, Ob-La-Da" dos Beatles



 (algo a ver com "In The Land of Oo-Bla-Dee",  da grande pianista/compositora de jazz e blues Mary Lou Williams (1910/1981), gravada tanto por ela como pelo trompetista de jazz Dizzy Gillespie em 1949)


O beguine, vindo da Martinica no começo do século, pode ser ouvido em lugares tão diversos quanto "Begin The Beguine" de Cole Porter


 ou o arranjo dos Rolling Stones para "You Better Move On" de Arthur Alexander.



E na Jamaica, uma pequena Bahia logo abaixo de Cuba, consta que só em 1960 se conseguiu gravar r and b, e mesmo assim eram cópias pioradas de som de Nova Orleans, particularmente Fats Domino.


Não conseguindo reproduzir o r and b, os músicos jamaicanos acabaram criando ritmos novos, como o ska, bem puladinho (cujo nome imita o som da guitarra nesse ritmo) e primeiro ritmo jamaicano a fazer sucesso fora da Jamaica. Sucederam-se as variantes deste "r and b errado", como o rock steady, o toast (um avô do rap), o dup (pai do remix e onde, por economia, o lado B do compacto era simplesmente o lado A sem os vocais) e o reggae, surgido em 1968 e do qual falaremos nos anos 70. Oioioio...

No próximo post você verá America Latina ...



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terça-feira, 12 de junho de 2012

002-13 Reino Unido 02


É impossível superestimar a influência que ingleses sofreram do skiffle americano (como já dissemos) e sofrem até hoje do music-hall, ou seja, o circuito inglês de barzinhos e casa noturnas. Pode-se resumir o espírito do music-hall em duas frases, válidas também para o rock. Primeiro, o pesquisador inglês Peter Gammond em 1977: "O verdadeiro espírito dos 'halls' é o otimismo, uma crença em que sempre há algo do que se rir, por mais desanimador que esteja o momento." A outra vem de um catálogo da Crown and Anchor Tavern, de 1794: "Wespend the social night/ Mixing profit with delight."

Enquanto isso, seus vizinhos irlandeses também cumprem seu papel, não só como alvo de piadas dos ingleses (tal como brazucas fazem com os lusos). Uma delas vem a nosso caso: não há mais irlandeses na Irlanda, todos estão fora dela cantando sobre ela. Um dos primeiros ilustres é Victor Herbert (1859/1924), radicado nos EUA e autor de vários hits como "A Kiss In The Dark",


"Indian Summer" (veja o vídeo com "The Doors")


 e "Ah! Sweet Mystery of Life" (com Jeanette MacDonald - Nelson Eddy)


(além de uma opereta sua de 1903, Babes In Toyland, ter virado filme do Gordo e do Magro e nome de banda grunge dos 1990). (com Bruise Violet, uma banda muito louca, composta apenas por mulheres)


 Além de artistas de repercussão limitada à Grã-Bretanha, como o compositor e humorista Sir Harry Lauder (1870/1950)



 e grupo folk The Dubliners (ativo dos anos 60 até hoje, sempre avesso a modernices e ao sucesso fácil ajudando a preservar o folclore dos celtas, povo indo-germânico radicado na Grã-Bretanha desde antes de Cristo),


 temos ídolos irlandeses do rock de sucesso mundial, como Van Morrison (nasc. 1945)


 e os grupos Thin Lizzy (anos 70), U2 (anos 80) e Therapy? (anos 90). Sem falar nos quatro Beatles, todos descendentes de irlandeses; John e, ocasionalmente, Paul dedicaram-se a defender a Irlanda nas eternas turras com a Inglaterra que costumavam resultar em batalhas civis, já que lá o povo não leva desaforo para casa. (abaixo um dos primeiros concertos dos Beatles.)


(Veja abaixo o último encontro de gravação entre os Beatles. Foi numa cobertura de um sobrado em Londres.)



Não esqueçamos de mencionar o Canadá, vizinho dos EUA e pertencente à Comunidade Britânica de Nações, e que proveu a história do rock and roll, quase desde o começo, com nativos de sucesso como Paul Anka, Neil Young, Joni Mitchell e grupos como The Guess Who, Bachman-Turner Overdrive e Rush.

No próximo post você verá Pop Norte Americana...


 

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002-13 Reino Unido 01


Descobertos e colonizados pela velha Inglaterra, os EUA não poderiam deixar de ser influenciados por sua cultura, mesmo depois de independentes e com identidade e cultura próprias.

No início do século XX, terminada a era vitoriana, a Inglaterra era um país começando a descansar de sua antiga atividade e missão na vida de conquistar o mundo inteiro, porém sempre mantendo a fama de povo excêntrico, fleumático e ordeiro.

Afinal, já diz o provérbio, bastam dois ingleses para formarem uma fila. um paradoxo interessante é ser a Inglaterra um dos países que mais insistem em manter a distinção de classes sociais, mas nada impedir um cidadão inglês esforçado (ou não) de passar de uma classe social para outra. E, ao contrário dos jovens e moleques norte-americanos, a Inglaterra tem uma cultura milenar, além de ser democrática o bastante para que essa cultura possa fluir por todas as classes sociais. Músicos populares ingleses geralmente acabam tentados a "dignificar" sua obra, enquanto os eruditos não costumam se opor a autorizar ou mesmo fazer adaptações mais acessíveis de suas composições (além de buscarem inspiração na música popular). E nada impede que uma parte mostre seu "humour" inglês e parodie impiedosamente a outra, apesar da fama de nação mais polida do universo, sempre dizendo "sorry" e "oh-dear".

Mais para a metade do século XX, a Inglaterra ainda era a campeã da inovação (inclusive, os grandes musicais norte-americanos vinham de Londres até cerca de 1920, quando compositores ianques como George M. Cohan e Cole Porter aprenderam a técnica), mas economicamente, o país era apenas o "50º Estado norte-americano". Combalida pelas duas guerras mundiais - como, aliás, quase toda a Europa -, a Inglaterra acabou se beneficiando com o Plano Marshall americano de ajuda financeira. E, em função dessa debilidade econômica, o mundo só poderia vir a saber de suas inovações musicais se filtradas e divulgadas através dos poderosos EUA - o que, aliás, acontece até hoje.

Mas, artisticamente, os britânicos continuavam imbatíveis.

Muitas das canções de maior sucesso na primeira metade século eram de compositores ingleses, como "These Foolish Things",


"If I Had You"  (1929) Rudy Vallee,


 "Roses Of Picardy".


Não é por só disporem de uma única emissora de rádio e TV, ou por terem que esperar até 1952 para terem sua parada de sucessos, que os ingleses deixariam de influenciar os norte-americanos, ainda que sutilmente. Além dos ídolos de apelo exclusivamente doméstico, como o cantor e humorista George Formby (1904/1961) ("Our Sgt. Major" on his uke-banjo),


havia aqueles que conseguiam acontecer, ainda que pouco, nos EUA, como a cantora Gracie Fields (1898/1979), cujo hit "Sally" foi regravado por Paul McCartney em 1991,


e que emplacou "Now Is The Hour" nos primeiros lugares ianques em 1948,


e Vera Lynn (nasc. 1919), que chegou a cantar para animar as tropas durante a II Guerra e a ser a primeira cantora inglesa a chegar ao primeiro lugar nos EUA (com "Auf Wiedersahn, Sweetheart" em 1952)


 - mas "We'll Meet Again", um de seus grandes sucessos nos EUA e Inglaterra,


chegou a ser regravada já nos anos 60 pelos Byrds



 e Turtles, como uma homenagem meio gozativa à geração anterior.


Continua no próximo post...


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domingo, 9 de outubro de 2011

002-07 Skiffle


Criado nos anos 20 por jazzistas pobres demais para terem bons instrumentos e que usavam tábuas de lavar roupa, garrafões soprados como contrabaixo e quetais, misturado com folk-music e no espírito qualquer-um-pode-tocar, precursor do punk.


Revivido nos anos 50 na Inglaterra por Lonnie Donegan (nasc. 1931) e outros com muito sucesso;



os Beatles estão entre os milhares de roqueiros ingleses que começaram fazendo skiffle, moda que na Inglaterra foi uma transição entre os "revivals" do dixieland e do rhythm and blues. Veja a música "You've Got to Hide Your Love Away".
 



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sábado, 26 de junho de 2010

002-03 Gospel e Música Religiosa


A música gospel (do inglês "gospel", ou seja, "evangelho") é um gênero musical de origem afro-americana, nascido nas fazendas de escravos no sul dos Estados Unidos. Os escravos cantavam músicas religiosas com mensagens escondidas em suas letras. As mensagens poderiam conter informações sobre terrenos, quais estradas e rios evitar e números de homens patrulhando tais estradas e rios. Essas canções eram cantadas pelos escravos presos, durante a noite, quando se sabia que havia escravos em fuga a fim de orientá-los rumo ao norte livre. Esse costume continuou quando os escravos foram libertados invadindo igrejas e templos afro-americanos por todo os Estados Unidos.

Enquanto nos países latino-americanos a religião católica apostólica romana, com seus muitos santos, possibilitou um sincretismo com o politeísmo dos escravos negros e, portanto, uma aculturação mais rápida destes, nos EUA o rígido Protestantismo herdado dos ingleses atrasou essa aculturação entre os brancos e negros norte-americanos. Mas no fim do século XVIII os negros já cantavam hinos protestantes europeus - só que incrementados com as "blue notes" que caracterizavam-se por rítmo frenético ou mesmo sensual, canções de redenção e esperança para um povo oprimido, tranformando estes hinos em canções religiosas negras, que acabaram rotuladas de "gospel music" (corruptela de "Godspell", "palavra de Deus") ou de "spiritual", acompanhadas pelo piano ou órgão nas igrejas evangélicas. Naturalmente, ora alguém cantava sozinho, ora se adotava o esquema chamada-e-resposta - que repercutiria mais tarde em clássicos do rock como "What I'd Say" de Ray Charles



ou "I'm Down" dos Beatles.



Por sinal, várias composições de Ray Charles (nascido em 1930) são meras adaptações de clássicos spirituals, como "Talkin' 'Bout You" e "This Little Girl Of Mine" (nascidas "Talkin' Bout Jesus"



e "This Little Light of Mine", aqui interpretado por Bruce Springsteen.



E a maior voz evangelista do Gospel é Mahalia Jackson (1911/1972).



A influência negra sobre o rock também se faz notar em gestos e gritos herdados dos rituais de vudu e na deturpação linguística conhecida como "Black English", quando se diz, por exemplo, "ain't", "dis", "tuff", "sho", "she do" em vez de "isn't", "this", "tough", "sure" ou "she does", talvez por influência africana, à qual também se devem alterações linguísticas interessantes como o verbo "to dig" no sentido de "curtir" e "entender", talvez por influência do verbo "degan", que significa "entender" em dialeto wolof. Yadig?

O gospel em sua forma original era geralmente interpretada por um solista, acompanhado de um coro e um pequeno conjunto instrumental. Grandes intérpretes da música norte-americana começaram assim, como cantores de gospel nas igrejas. É o caso de Mahalia Jackson, Bessie Smith e Aretha Franklin, além de Ray Charles. O gospel ajudou a moldar toda a música negra dos Estados Unidos neste século: ragtime, blues e jazz. E foi também influenciado por ela, assumindo formas às vezes surpreendentes em se tratando de música religiosa. É o caso dos quartetos gospel, surgidos após a Segunda Guerra Mundial, com sua música gritada, sua dança cheia de sacolejos e roupas extravagantes. Nesta fonte foi "beber" o rock dos anos 50, desde Bill Haley e seus cometas passando por Jerry Lee Lewis e principalmente Elvis Presley.

Atualmente nos Estados Unidos e em outros países, o Gospel está incluído como uma categoria tradicional de música cristã.

Comercialmente e na forma que tem atualmente, a música cristã estourou nos Estados Unidos a partir dos anos 70. O rock, em mais uma volta da história, passa a ser o carro chefe da música cristã. Todavia, outros ritmos como o funk e o reggae também são por ela adotados. O que a define não é o gênero musical, mas a mensagem: justiça social, Cristo, ecologia, repúdio às drogas, harmonia entre os homens. Bandas como Stryper (heavy metal), de Los Angeles, tocam música cristã, ou Gospel.



Grandes espetáculos se organizam por todo o país e cada vez mais emissoras de rádio criam programações gospel. Hoje o prêmio Grammy, considerado o Oscar da música, inclui a categoria gospel, além da música cristã premiar seus talentos com o Prêmio Dove Awards.

Na música cristã internacional destacam-se atualmente Michael W. Smith, os grupos Vineyard, Hillsong Music Australia, Kirk Franklin; e nos anos 90, os ministérios Hosanna!, Maranatha; as bandas Petra, Guardian, Bride; as cantoras Amy Grant, Crystal Lewis, entre outros.
Banda Petra



Ainda na vertente metal, surgiram bandas como: Tourniquet e Mortification que elevaram o "metal gospel" à categoria, segundo seus fãs, de grande qualidade.

O cenário do "rock cristão" teve como grande nome e destaque a banda Petra, (já mostrada acima), dos Estados Unidos, umas das pioneiras do estilo em todo o mundo.


ELVIS PRESLEY E O GOSPEL


Sem dúvida Elvis Presley foi um dos maiores divulgadores desse gênero musical durante todo o século 20. Elvis adorava esse tipo de música, inclusive, tanto quanto rock, blues, R and B, country e música erudita.

Desde a década de 50 ele já incorporava em seus álbuns e canções algumas influências desse gênero tipicamente americano. Como exemplo podemos citar, o acompanhamento vocal do grupo gospel "The Jordanaires", logo depois, no final da década de 60 até o começo da década de 70, vieram os "The Imperials" e durante a mesma década os "The Stamps", com a participação de J.D. Sunmer e até mesmo um grupo vocal feminino de nome "Sweet Inspirations" e de outra cantora chamada "Kathy Westmoreland".

Elvis lançou quatro álbuns gospel; Peace In The Valley em 1957, His Hand in Mine em 1960, How Great Thou Art em 1967, considerado um dos "divisores de águas" em sua carreira e He Touched Me em 1972. Para se ter a real noção do que Elvis representou para o gospel americano, ele ganhou três grammys por suas interpretações gospel, em 1967, 1972 e 1974. Já em 2001 ele entrou para o "Hall da fama" do gospel, deixando para sempre marcado o seu nome nesse gênero musical americano tão importante e influente.

Entre os seus sucessos gospel estão, "Peace in the Valley",



"Crying in the Chapel", sucesso mundial em 1965,



"How Great Thou Art" entre outras.



Muitos o consideram um dos maiores intérpretes desse gênero tipicamente sulista nos EUA.



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quarta-feira, 5 de maio de 2010

As melhores e piores do rock - opinião Revista Cover Guitar


As cinco melhores do rock



1) "BLACK SABBATH" - Black Sabbath (do disco Black Sabbath, de 1970)

2) "DOWN, DOWN" - Status Quo (do disco On the Level, de 1974)

3) "ELEANOR RIGBY" - Beatles (do disco Revolver, de 1966)

4) "KASHMIR" - Led Zeppelin (do disco Physical Graffiti, de 1975)

5) "REBEL REBEL" - David Bowie (do disco Diamond Dogs, de 1974)


As cinco piores do rock


1) "LAS PALABRAS DE AMOR" - Queen (do disco Hot Space, de 1982)

2) "THE FINAL COUNTDOWN" - Europe (do disco The Final Countdown, de 1987)

3) "OB-LA-DI, OB-LA-DA" - Beatles (do disco White Album, de 1968)

4) "HOT DOG" - Led Zeppelin (do disco In Through the Outdoor, de 1979)

5) "FOLLOW YOU, FOLLOW ME" - Genesis (do disco And Then There Were Three, de 1978)


Bandas que quase ninguém conhece, mas são essenciais


1) SOULSAVERS - Sensacional duo formado pelos produtores Ian Glover e Rich Machin, que consegue a proeza de mistura rock, música eletrônica e blues com um equilíbrio que beira o sublime. Os caras têm dois discos, sendo que o segundo, It's Not How Far You Fall, It's How You Land (de 2007) traz os vocais sempre sinistros e maravilhosos de Mark Lanegan (ex-Scremaing Trees). Não deixe de ouvir!

2) HOGJAW - Imagine uma mistura de Lynyrd Skynyrd, Allman Brothers, Black Crowes, Mountain e Bad Company, só que com muito mais peso e suingue. Este quarteto americano (mais precisamente do Arizona) tem apenas um disco - o estonteante Devil in the Details (de 2007) -, mas exibe a maturidade de uma banda veterana. Simplesmente espetacular!

3) ROBIN TROWER - Ele foi guitarrista do Procol Harum (lembra do hit "A Whiter Shade of Pale"?) e é dono de uma carreira muito legal, embora tenha sucumbido à superficialidade durante os anos 80. De uns tempos para cá, anda gravado discos excelentes - como aquele que lançou este ano, ao lado do baixista Jack Bruce (ex-Cream), Seven Moons -, mas o melhor está em seus álbuns dos anos 70, principalmente no antológico Bridge of Sighs. Pode comprar sem susto!

4) DAVID SYLVIAN - O ex-vocalista do Japan (conhecida banda dos anos 80) sempre se pautou pelo experimentalismo em sua carreira - não foi à toa que um de seus muitos colaboradores foi o guitarrista Robert Fripp, o líder incontestável do King Crimson. O mais impressionante é que todos os seus discos (sim, eu escrevi "todos") são excelentes, com sonoridades estranhas e, ao mesmo tempo, extremamente cativantes. Se você ouvir discos como Brilliant Trees (de 1984) ou o mais recente, When Loud Weather Buffeted Naoshima (de 2007), garanto que você vai se sentir uma outra pessoa - bem melhor!

5) TWILIGHT SINGERS - Este é o projeto capitaneado pelo ex-vocalista do Afghan Whigs, Greg Dulli. Cantando e tocando como se fosse a última coisa a fazer na face da Terra, ele consegue trazer em composições todas as sensações de dor e satisfação que um ser humano pode sentir. Se os Beatles fossem um grupo de rock eletrônico, eles provavelmente soariam como o Twilight Singers.

Fonte: Régis Tadeu *

* Régis Tadeu é editor das revistas Cover Guitar, Batera e Percursão, Cover Baixo, editor-chefe da editora HMP e ficou conhecido por quebrar CDs ruins no programa Superpop.